Comerciantes de Lisboa: "Alguns só vêm encher as garrafas de água ao café e nem pedem"
Peregrinos atulham esplanadas da Baixa de Lisboa, mas nem todos ajudam negócio dos comerciantes.
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No primeiro dia do arranque oficial da Jornada Mundial da Juventude, ainda há vários comerciantes que não estão a sentir o retorno financeiro esperado para um evento desta dimensão. Outros, pelo contrário, vendem mais e até já tiveram de reforçar os salgados. Peregrinos de todo o Mundo andaram, esta tarde de terça-feira, pela Baixa de Lisboa, a conhecer igrejas e museus antes da missa de abertura.
A esplanada da pastelaria Benard, em Lisboa, está cheia de peregrinos, mas o cenário aparentemente animador para os comerciantes não significa que o negócio esteja a correr bem. “Alguns só vêm encher as garrafas de água e nem pedem. Outros estão horas sentados a conversar, mas só bebem um café. São jovens, também não têm muito dinheiro para gastar”, queixa-se Filipa Montes, gestora da pastelaria. A empresária acrescenta que “a maioria dos lisboetas saíram da cidade esta semana e os clientes habituais não vieram”.
Já Paulo Pereira, dono da Leitaria Académica, no Largo do Carmo, não sentiu o mesmo. “Estou a vender mais 40% que o habitual. Mandei vir mais pastéis de bacalhau e croquetes por causa dos peregrinos”, diz. Geremias Varela, funcionário do restaurante Carmo, sentiu o mesmo. “Estamos a vender bastante mais. Os jovens vêm cá comer o nosso menu de almoço promocional”, conta.
Visita ao Quartel do Carmo
No Largo do Carmo, vários peregrinos, sobretudo italianos e canadianos, aproveitavam para conhecer o Quartel do Carmo, numa das várias atividades em que os jovens católicos participaram esta terça-feira. Giuseppe Piccareta, italiano, gostou sobretudo da arquitetura do espaço. “É fantástico, principalmente o museu, os sarcófagos e as peças romanas. Só não percebi o que aconteceu aqui no 25 de Abril, vou depois pesquisar na internet”, diz o jovem peregrino, de 17 anos.
Sara Bataglie, também italiana, ficou sobretudo surpreendida com “a falta de teto” do Convento do Carmo, mas depois da visita guiada percebeu. “Foi por causa do terramoto de 1755, já aprendemos alguma coisa”, partilha. Isabel Lopez, peregrina do Canadá, gostou sobretudo de perceber como era o convento antes do terramoto e das esculturas. "É lindo e é impressionante como conseguiram manter tão bem o edifício depois do terramoto!", repara.
Peregrinos portugueses, de Alvarães (Viana do Castelo), aproveitavam para tirarem fotografias com o guarda do Quartel do Carmo e estavam entusiasmados por andarem de metro pela primeira vez. “Estou ansiosa, em Viana não há”, partilhou Eva Araújo, 18 anos.
Nuno Barreiros, outro elemento do grupo de 39 peregrinos dos 13 aos 62 anos, explicou que optaram por não ir ao Quartel do Carmo porque têm entre eles um professor de história, "que vai contando as principais curiosidades de Lisboa". Aproveitaram a manhã para conhecer Sintra e esperam ainda ir ao Oceanário.
“A Jornada também é uma oportunidade para ver várias coisas pela primeira vez. A maior parte do grupo não conhecia Sintra e Lisboa. Temos jovens que nunca andaram de metro, nem nunca tinham visto um guarda como o do Quartel do Carmo”, conta.
"Único" do grupo a ver Papa
Daniel Barros, 19 anos, era um dos “privilegiados” do grupo de peregrinos de Alvarães, que vai ter a oportunidade de ver o líder da Igreja Católica mais de perto duas vezes. “O Papa vai-se encontrar com estudantes universitários na quinta-feira, na Universidade Católica, onde estudo. Tínhamos de nos inscrever e fui um deles”, explica.
Vai ainda poder estar com o Sumo Pontífice, na quarta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, onde o Papa vai ser recebido por membros do clero. “Vou porque sou seminarista. Vamos cinco seminaristas de Viana do Castelo, mas do meu grupo sou o único”, revela.