Thierry Breton acusou líder do Executivo comunitário de pressionar Macron, que já indicou um novo nome para o próximo colégio, e criticou “governação questionável” de Ursula von der Leyen.
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O comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, demitiu-se e deixou a corrida ao novo mandato, acusando Ursula von der Leyen de pressionar a França a retirar o seu nome por motivos pessoais, em troca de uma pasta mais influente e em “mais um testemunho de governação questionável”. Saiu com efeitos imediatos e o presidente francês indicou Stéphane Séjourné, ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros, para o novo colégio de comissários.
Breton, que se antecipou à troca de comissário na reta final do mandato, divulgou a razão pela qual bateu com a porta e publicou na rede social X a sua carta à presidente da Comissão Europeia. “Há uns dias, na fase final das negociações para a composição do futuro colégio, pediu à França que retirasse o meu nome - por motivos pessoais que, em nenhum momento, discutiu comigo - e ofereceu, como contrapartida política, uma pasta alegadamente mais influente para França”, escreveu.
“À luz destes últimos acontecimentos - mais um testemunho de governação questionável - tenho de concluir que já não posso exercer os meus deveres no colégio. Demito-me, por isso, da minha posição como comissário europeu, com efeitos imediatos”, informou Breton, que não fará parte da próxima equipa que deverá ser apresentada esta terça-feira em Estrasburgo e que, por Portugal, integrará Maria Luís Albuquerque.
“Comissário exemplar”
Ursula aceitou a demissão e agradeceu ao agora ex-comissário pelo trabalho prestado, segundo a porta-voz do Executivo, Arianna Podesta, que não comentou a alegada pressão.
O presidente francês, Emmanuel Macron, propôs o ministro cessante da Europa e dos Negócios Estrangeiros, escolha divulgada pelo Palácio do Eliseu após a demissão de Breton.
Stéphane Séjourné foi presidente do grupo Renew no Parlamento Europeu na anterior legislatura e “preenche todos os critérios exigidos”, destacou o Eliseu. Na mesma nota, referiu que Macron “gostaria de exprimir os seus agradecimentos a Thierry Breton, que foi um comissário europeu notável”.