No ano passado, foram quase 1500 as empresas nacionais que exportaram para o gigante asiático. Automóveis e minerais são os bens mais vendidos, mas há mais setores à espreita.
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É um negócio da China made in Leça do Balio, Matosinhos. Começou devagarinho em 2009 e hoje rende milhões. A Super Bock foi uma das empresas portuguesas que cedo descobriram que o futuro do comércio está no Oriente. "Há uma forte apetência na China por produtos importados associados ao estilo de vida português", explica Rui Lopes Ferreira, CEO do Super Bock Group.
A sede dos chineses pelo é tanta que já vale 45% das exportações do grupo e, no início do ano, levou a empresa a criar uma cerveja especificamente para o paladar chinês. Rui Lopes Ferreira admite que a distância e as diferenças culturais são desafios diários na relação com aquele mercado, mas garante que o futuro passa por "dar continuidade à estratégia de exportação e expansão nesta geografia, com a prudência necessária".
A Super Bock é uma entre as quase 1500 empresas portuguesas que, em 2017, exportaram para a China. Entre janeiro e setembro deste ano, as vendas de Portugal para o gigante asiático totalizaram 512 milhões de euros. Um montante que, oficialmente, coloca o país no 13.º lugar dos maiores clientes nacionais. Mas a realidade será outra.
"Essas estatísticas não coincidem com as chinesas. Nestas, a sensação é que o papel da China nas exportações portuguesas é mais importante. Isso poderá estar relacionado com as trasfegas. Em Portugal aparece um valor significativo de exportações para Singapura. Mas este não é o destino final, serve apenas como ponto de passagem", afirma João Marques da Cruz, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) e administrador da EDP.
O responsável acredita que, fora da União Europeia, é no gigante asiático que está o maior potencial de crescimento das vendas de bens portugueses. Entre as que já têm o código postal de Pequim na lista de envios, o destaque vai para a Autoeuropa, a maior exportadora nacional para a China, segundo a CCILC. O setor automóvel representa, aliás, quase um terço das vendas de Portugal para aquele país. Seguem-se as exportações de minerais e de produtos ligados à indústria do papel. Aqui, são empresas como Altri, Navigator e Somincor que se destacam no top 10 de exportadoras. Entre os setores que se deverão afirmar naquele mercado nos próximos anos, Marques da Cruz destaca a moda, sapatos e produtos agroalimentares.
Apesar do otimismo, a balança comercial entre Portugal e China nunca pendeu tanto como agora para o lado asiático. As importações de bens chineses ultrapassaram os 1700 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, colocando o país no sexto lugar dos maiores fornecedores da economia nacional. Máquinas, metais e têxteis são os bens chineses que mais entram em Portugal.
Investimento
Na última década, Portugal tem sido uma das grandes geografias do investimento chinês. Compras de participações em empresas nacionais foram de oito mil milhões de euros.
512
Valor, em milhões de euros, das exportações de bens de Portugal para a China nos primeiros nove meses do ano.
145
Valor, em milhões de euros, das vendas na China de veículos automóveis produzidos em Portugal.
EDP
A EDP, liderada por António Mexia, é o maior investimento chinês em Portugal. Pequim quer agora ficar com a totalidade da elétrica.