Americo aguiar é o sexto cardeal português e um dos quatro que pode votar para a futura eleição do papa. O colégio cardinalicio, ou grupo dos conselheiros do Papa Francisco, tem regras próprias que o JN ajuda a conhecer.
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O que é um Consistório?
É um encontro entre o Papa e os cardeais que são conselheiros do Papa. Os consistórios podem ser ordinários, onde são convocados todos os cardeais para falar sobre assuntos importantes, ou para a realização de atos solenes e extraordinários, ou Conclaves, para onde são convocados todos os cardeais para se pronunciarem sobre temas importantes. Apenas os ordinários, como o que vai fazer D. Américo Aguiar cardeal, são abertos ao público.
Como vai ser a cerimónia?
Com início marcado para as 10 horas, (9 horas em Portugal), na Praça de S. Pedro, no Vaticano, a cerimónia inclui a imposição do barrete e a entrega do anel cardinalícios. Além disso, cada cardeal fica com um novo título ou diaconia, ou seja, a responsabilidade simbólica por uma igreja de Roma, como sinal de “participação na solicitude pastoral do Papa” na cidade.
Quantos cardeais vão tomar posse?
Vão receber o título e as vestes cardinalícias 21 novos cardeais de diversas nacionalidades. D. Américo Aguiar é o 17º a receber o barrete de cardeal. Da cerimónia, faz parte uma visita de cortesia, no Palácio Apostólico do Vaticano, marcada para as 11.30 horas.
O que é o Colégio Cardinalício?
Também conhecido como “Colégio dos Cardeais” ou “Sacro Colégio”, é um organismo que reúne todos os cardeais e, atualmente, é composto por 221 membros. 119 cardeais são eleitores, isto é, podem votar para a eleição do papa, e 102 são membros do colégio sem direito a voto, porque já têm mais de 80 anos.
É possível nomear um Cardeal em segredo?
Sim. O Papa João Paulo II referiu que o tinha feito, pelo menos, duas vezes. O Sumo Pontífice pode escolher alguém para cardeal e não divulgar o seu nome, permanecendo assim em segredo. Neste caso, designa-se por cardeal "in pectore" (no coração, secretamente). Isto acontece nos países onde o Cristianismo sofre perseguições e onde é perigoso assumir publicamente a fé.
O que vestem os Cardeais?
Nas suas vestes, predomina o vermelho e o destaque vai para o Barrete Cardinalício. É uma espécie de chapéu que pode ter vários formatos, embora o mais comum seja quadrado e, claro, vermelho. O Solidéu, outro tipo de chapéu, é da mesma cor, mas mais pequeno e semelhante a uma boina. A Mozeta é outro traje característico dos Cardeais. É uma capa curta, vermelha, que cobre os ombros, parte das costas e os braços.
Historicamente, as batinas (vestimenta preta e comprida) tinham 33 botões na parte da frente, numa referência aos 33 anos de vida de Jesus, e cada manga deveria ter 5 botões representantes das cinco chagas de Cristo.
Os Cardeais têm armas?
Sim, armas de Fé. As de D. Américo Aguiar foram elaboradas pelo designer heráldico italiano Giuseppe Quattrociocchi. São constituídas pelo galero cardinalício, constituído por 30 borlas, que são a marca de todos os cardeais da Igreja, e o brasão ostenta as cores da bandeira portuguesa. “O vermelho, cor do sangue e associada ao martírio e à especial missão que é confiada aos membros do colégio cardinalício, o verde, símbolo da esperança que aponta para Cristo Vivo, e ainda uma cotica ondulada de ouro, numa evocação da JMJ Lisboa 2023”, explicou o novo cardeal.
Quem são os outros cinco cardeais portugueses?
D. José Saraiva Martins, 91 anos, natural da Guarda, foi nomeado cardeal por João Paulo II, em janeiro de 2001. É o mais velho cardeal português e um dos mais velhos do mundo. Não pode votar nem ser eleito.
D. Manuel Monteiro de Castro, 81 anos, natural de Guimarães. Foi feito Cardeal em 2012 por Bento XVI. Por ter mais de 80 anos, não tem direito a votar na escolha do novo Papa.
D. Manuel Clemente, 75 anos, nasceu em Torres Vedras, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em fevereiro de 2015. Pode votar e, teoricamente, pode ser eleito Papa.
D. António Marto, 76 anos, natural de Chaves, o bispo emérito de Leiria-Fátima foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em junho de 2018. Tem direito a voto e também pode ser eleito Sumo-Pontífice.
D. José Tolentino de Mendonça, tem 58 anos, é natural de Machico, na Madeira e foi criado cardeal pelo Papa Francisco, em outubro de 2019. Vota e é apontado como um forte candidato a líder da Igreja Católica.