Está no terreno, desde janeiro, o Inquérito às Competências dos Adultos, com uma amostra de cinco mil residentes. Se sabemos hoje quais as qualificações dos portugueses, sobre as suas competências, em literacia e numeracia, os últimos dados datam da década de 90 do século passado. Numa ferramenta fundamental para delinear políticas educativas e estratégias de recursos humanos. Os resultados serão conhecidos no próximo ano.
Corpo do artigo
A auscultação, a cargo de um consórcio liderado pela Universidade Católica, assenta em cinco mil adultos, com idades entre os 16 e 65 anos, escolhidos aleatoriamente através das moradas residenciais registadas nos CTT . E é peça-chave do 2.º º Ciclo do Programa Internacional para a Avaliação das Competências dos Adultos (PIAAC), promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que conta, para já, com a participação de 31 países.
O último retrato feito no nosso país - que, em plena troika, acabou por desistir do 1.ºº Ciclo do PIAAC -, o Inquérito Internacional à Literacia dos Adultos (IALS), data de 1994/98. Revelando, na altura, "uma situação catastrófica em Portugal, com baixas competências", sendo que "todas as alterações que se deram tiveram a ver com os efeitos desses resultados", recorda, ao JN, Luís Rothes, coordenador nacional do Grupo de Projeto do PIAAC.
Como são aferidas?
É, precisamente, esse o objetivo deste 2.º Ciclo: ajudar os governos na definição de políticas educativas, bem como de estratégias pelos departamentos de recursos humanos das empresas, explica o também professor coordenador da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto.
Mas, afinal, como se medem as competências? Aos inquiridos são apresentados "problemas de complexidade muito diversos, desde coisas simples como alinhar valores; até, por exemplo, num boletim sobre empréstimos, saber o que significa em termos de custo o juro que lá está referido". Porque, explica Luís Rothes, às mesmas qualificações podem corresponder diferentes competências, ditadas pelo percurso de vida, nomeadamente profissional. Dados que são depois cruzados com as características do adulto. Comparando-nos com outros países.
Incentivo de 80€
"Comum à generalidade dos países" que participam, será dado um incentivo de 80 euros, sob a forma de vale, a quem responder à totalidade dos inquéritos, que é feito de forma presencial e dura cerca de duas horas.
O Sul da Europa
O coordenador admite que Portugal acabe alinhado com os países do Sul da Europa que, no 1.º Ciclo, registaram os piores desempenhos entre os estados-membros. "A curiosidade é perceber as diferenças entre gerações, um dado muito importante para os países que tiveram grandes transformações nos sistemas educativos", diz.