Em 2024, as vendas subiram 45% face ao ano anterior, para um total de quase 120 mil embalagens. Novo medicamento Wegovy chega no dia 7 às farmácias e pode ser prescrito pelo médico a partir de terça-feira.
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A procura por medicamentos para o tratamento da obesidade disparou 44% no ano passado, naquela que foi a maior subida dos últimos anos. E, apesar destes fármacos não serem comparticipados, a tendência é para o mercado das injeções e comprimidos para a perda de peso continuar a crescer a ritmo galopante. A partir de terça-feira, os médicos já podem prescrever o Wegovy, o “parente” do Ozempic que, além de fazer milagres na balança, tem resultados comprovados na redução de eventos cardiovasculares.
Em 2024, as farmácias venderam quase 120 mil embalagens de medicamentos com indicação para o tratamento da obesidade, nomeadamente as substâncias ativas bupropriom + naltrexona, o liraglutido, o orlistato, a sibutramina e o tirzepatida, segundo dados avançados ao JN pela HMR, empresa de consultoria e estudos de mercado para o setor da Saúde da Associação Nacional de Farmácias (ANF).
É um aumento de 44% face a 2023 (mais 37 mil embalagens vendidas), ano que já registara um crescimento de 37% face a 2022. Comparando 2024 com 2019 (45.790 embalagens vendidas), o crescimento foi de 161%, segundo informação da HMR.
Do total, estão excluídas as vendas do famoso Ozempic, cuja substância ativa é o semaglutido, porque é um fármaco com indicação para o tratamento da diabetes tipo 2, apesar de ser muito prescrito em “off-label” para a perda de peso.
“Filho” da mesma farmacêutica e com o mesmo princípio ativo, mas com dosagem diferente, o Wegovy está aprovado para o tratamento da obesidade. Segundo a Novo Nordisk, poderá ser prescrito a partir do dia 1 e “estará disponível nas farmácias portuguesas a partir do dia 7 de abril”.
Preço varia consoante a dosagem
O novo fármaco, injetável em canetas pré-cheias, está indicado em complemento de uma dieta e do aumento da atividade física para controlo do peso, em adultos com obesidade ou excesso de peso e pelo menos uma comorbilidade relacionada com o peso (disglicemia, hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular). Está também aprovado para adolescentes obesos a partir dos 12 anos.
Vendido com prescrição médica, o Wegovy (2,4 mg) tem um preço máximo de 268 euros, segundo informação no site do Infarmed, mas será disponibilizado a custo inferior: entre 153,08 e 244,80 euros (o último é a dosagem de manutenção mensal), segundo esclarecimento prestado pela Novo Nordisk.
Em resposta ao JN sobre a eventual comparticipação do medicamento, a Novo Nordisk adiantou que foi notificada pelo Infarmed, em novembro de 2024, “da extinção do referido processo por ausência de uma estratégia integrada para o tratamento da obesidade no SNS”.
Mas assegura que “voltará a submeter o pedido de financiamento”, assim que estiverem “reunidas as condições que permitam a sua avaliação, nomeadamente a já anunciada publicação do Percurso de Cuidados Integrados para a Prevenção e Tratamento da Obesidade, que se aguarda a qualquer momento”.
Os ensaios clínicos do Wegovy mostraram que pessoas tratadas com semaglutido alcançaram uma perda de peso média de 17%, que se manteve por dois anos. Outro estudo, com mais de 17 600 adultos, revelou que o medicamento reduz em 20% o risco de eventos cardiovasculares graves em pessoas sem diabetes, mas com doença cardiovascular e excesso de peso ou obesidade.