Diretores descrevem processo moroso. Ministério garante que distribuição fica concluída no 1.º período.
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"Mais 260 mil computadores" devem chegar às escolas até final do 2.º período. É essa a intenção do Ministério da Educação, que confirmou ao JN que a segunda remessa já foi "adjudicada". Os primeiros 100 mil, dizem os diretores, chegaram a conta-gotas às escolas e há alunos que ainda não os receberam.
O Ministério garante que os computadores estão nas escolas e que "a distribuição dos primeiros 100 mil fica concluída no 1.º período", que formalmente não acaba com o fim das aulas, o que acontece hoje. O 2.º período arranca a 4 de janeiro. O presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP), assegura receber queixas, de que o material chega a "conta-gotas", que o processo "é moroso e burocrático" e que, por isso, muitos computadores ainda não foram entregues aos alunos.
António Costa prometeu em abril a universalidade de equipamentos e acesso online. Os primeiros 100 mil computadores começaram a chegar em novembro de forma faseada. Os alunos do Secundário, abrangidos pela Ação Social eram prioritários, mas o ME garante que também já começaram a chegar equipamentos para alunos de outros ciclos.
Falta instalação
A Secundária de Bocage (Setúbal) é uma das que ainda aguardam material, estando a última remessa prevista "até 29 de dezembro", garante o diretor Pedro Tildes. Dos 16 computadores recebidos em novembro, entre cerca de 150, nenhum foi entregue aos alunos. E só deverá sê-lo no arranque do 2.º período. É necessário, além dos registos, fazer a configuração dos equipamentos e instalação do software, o que deve acontecer entre o Natal e o Ano Novo.
Já na Secundária Inês de Castro (Gaia) os primeiros kits começaram a ser entregues ontem, revelou o diretor Arlindo Ferreira. Os cerca de 80 computadores para os alunos do escalão A da Ação Social já chegaram, falta ainda cerca de "um terço dos hotspot para a Internet" e os equipamentos para os alunos do escalão B.
A promessa feita pelo primeiro-ministro ainda está "longe de ser cumprida" e a maioria das escolas, assegura Filinto Lima, não está melhor equipada para enfrentar um eventual confinamento.
O maior problema, sublinha Manuel Pereira, presidente da associação de dirigentes escolares (ANDE) é que o programa deixou de fora o reequipamento das escolas, que têm material obsoleto.
Os diretores fazem um balanço positivo em termos de contágios. O presidente da Confederação de Pais (Confap), Jorge Ascenção, também considera que as escolas são "lugares seguros" mas que nem tudo correu bem durante o 1.º período. Por exemplo, a opção de muitas escolas só permitirem aos alunos sair das salas um intervalo, durante a parte da manhã ou tarde, "deve ser revista".
Depois, há disparidades entre escolas que transmitem aulas em direto e as que não contactam o aluno durante o isolamento.
Empréstimo
Os alunos receberão um kit que contém, além do portátil, uma mochila, auscultadores com microfone, um cartão SIM e um hotspot de Internet móvel. Os equipamentos são cedidos por empréstimo e têm de ser devolvidos quando os alunos terminam o 1.º Ciclo, o 9.º e o 12.º anos.
Três portáteis
Está prevista a distribuição de três tipos de computadores, consoante o alunos seja do 1.º , 2.º ou 3.º ciclos e Secundário, devido às diferentes necessidades de utilização.
Pais pagam danos
Os encarregados de educação ou alunos maiores de idade têm de assinar um auto de entrega, no qual se comprometem a conservar o equipamento até à sua devolução à escola. Danos causados por mau uso ou negligência serão suportados pelas famílias.
900 milhões
O Governo aprovou 400 milhões de euros, no âmbito do programa de estabilização para estes recursos. O programa de recuperação e de resiliência, "bazuca", irá atribuir mais 500 milhões.