Comunista António Filipe dá início aos trabalhos. Montenegro e Ventura abraçam-se
Os líderes de PSD e Chega, Luís Montenegro e André Ventura, assinalaram o início da legislatura com um abraço, momentos antes do começo dos trabalhos. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, sentou-se entre Pedro Delgado Alves e Eurico Brilhante Dias. António Filipe, o deputado mais "veterano", abriu a sessão.
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A não eleição de Augusto Santos Silva, até aqui presidente da Assembleia da República, levou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, a ser o primeiro a usar da palavra, pelo facto de o seu partido deter "a maior bancada" do Parlamento.
Momentos mais tarde, o líder da bancada do PS, Eurico Brilhante Dias, esclareceu que o PS tem "também a maior bancada deste hemiciclo", uma vez que socialistas e sociais-democratas elegeram ambos 78 parlamentares. A observação arrancou sorrisos à Esquerda e à Direita.
Conforme estipula o regimento, Miranda Sarmento indicou António FIlipe, do PCP, para abrir os trabalhos, por se tratar do deputado com mais dias de casa. A escolha, que já tinha sido acertada em conferência de líderes, foi aplaudida por quase todas as bancadas, exceção feita à maioria dos parlamentares da IL e à totalidade dos do Chega.
Antes de passar a palavra ao comunista, Sarmento desejou que a legislatura - que apenas termina "em setembro de 2028", reforçou, afastando fantasmas de uma queda precoce - possa ajudar a construir um país "mais próspero" e "mais justo".
As atenções, contudo, centraram-se no breve abraço entre Luís Montenegro e André Ventura, que tinha ocorrido momentos antes. O líder do PSD entrou no hemiciclo quando a sala já estava bastante preenchida, cumprimentando vários deputados - incluindo o líder do PS, Pedro Nuno Santos. Antes de se sentar na primeira fila, foi junto da bancada do Chega dar um abraço a André Ventura.
Também Pedro Nuno Santos ficou na fila dianteira da bancada do seu partido. Sentou-se entre Pedro Delgado Alves (de quem é próximo há largos anos) e Eurico Brilhante Dias (até aqui líder da bancada socialista e que, nas eleições internas, apoio José Luís Carneiro).
Marcos Perestrello é o vice-presidente indicado pelo PS
Numa legislatura que contará com o regresso do CDS e com um grupo parlamentar do Livre, a novidade mais visível é, contudo, o alargamento do grupo parlamentar do Chega. Este ocupa agora todo o setor mais à direita do hemiciclo, passando a estender-se para lá do corredor de passagem e entrando pela zona onde antes apenas havia deputados do PSD. O crescimento do partido de André Ventura “empurrou” a IL, que mantém os oito deputados que já tinha, para uma zona mais ao “centro-direita” da sala.
Já a mancha de deputados do PS é agora consideravelmente mais pequena – o número de parlamentares socialistas desceu de 120 para 78. Assim, deixa agora de haver representantes do PS para lá da metade direita do hemiciclo.
No início dos trabalhos, António Filipe disse umas breves palavras, afirmando ser "uma honra" presidir à sessão - algo que estava "muito longe de imaginar" que pudesse ocorrer quando, com 26 anos, entrou pela primeira vez na Assembleia. "Mas a vida tem destas partidas", gracejou, arrancando até alguns sorrisos a deputados do Chega.
O PSD indicou o deputado José Cesário - também ele regressado após dois anos de ausência, tal como António Filipe -, para secretariar a sessão. O PS escolheu Palmira Maciel para o fazer. Os três irão compor a mesa da Assembleia até que, a partir das 15 horas, seja escolhido o presidente.
Como esperado, o candidato do PSD - e mais do que provável eleito - é José Pedro Aguiar-Branco. Já os socialistas indicaram Marcos Perestrello para vice-presidente. Os trabalhos recomeçam às 15 horas, para eleger a mesa.