"Concretizar promessas": produtores de pequenos frutos escrevem carta ao futuro primeiro-ministro
A organização dos produtores dos pequenos frutos de Odemira, a Lusomorango, escreve uma carta aberta ao futuro primeiro-ministro de Portugal. Querem que o próximo Governo tome conta das "promessas há muito feitas" e lembram que "ainda nenhum investimento chegou".
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Joel Vasconcelos é quem assina a carta aberta da Lusomorango, uma organização de produtores de pequenos frutos de Odemira. Na missiva, os produtores lamentam a "inação governativa" e "o continuo atraso na concretização das medidas há muito anunciadas".
"Ouvimos os diversos partidos políticos afirmar a sua preocupação e a sua prioridade para com a agricultura em Portugal, atividade que afirmam como estratégica não só para a autonomia alimentar nacional como, também, para a afirmação do país nos mercados externos", começam por escrever os produtores, para pedir "uma ação concreta, em objeto e em tempo". "Ainda nenhum investimento chegou ao terreno para minimizar as perdas de água do sistema de distribuição", reclamam.
"Odemira, senhor primeiro-ministro, não merece continuar à espera do concretizar das promessas nem, tão pouco, de ficar à mercê que a “sorte” faça cair água dos céus, menos ainda quando o conhecimento, a ciência, nos mostra, com evidências e fruto das alterações climáticas, que a chuva será cada vez mais rara", acrescentam na carta, que escrevem "em nome da agricultura e de um concelho, onde "trabalham dez mil pessoas na agricultura, "assegurando a produção de alimentos para as suas famílias, mas também, para os milhões de pessoas abastecidos pelos produtos agrícolas produzidos neste território".
Em Odemira, "existem muitas dezenas de empresas que dedicam a sua atividade à agricultura, atividade responsável por 60% da riqueza económica produzida na região", sublinham, enfatizando que em 2023 "o concelho contribuíu com mais de 300 milhões de euros para o volume de exportações nacionais do setor de flores, frutas e legumes".
Os produtores dizem que Odemira é orientado por um sistema hídrico antigo, com mais de 50 anos, e "com perdas na distribuição, antes da entrega aos diferentes utilizadores, superiores a 40% o que, só no último ano, terá ascendido a um desperdício de 11 milhões de metros cúbicos, ou seja, quase tanto quanto a utilizada para produzir alimentos e outros produtos agrícolas". Por isso, apelam "a um plano de renovação do sistema para reduzir de forma substancial as perdas do sistema de distribuição de água existente e que garanta a chegada a Odemira e Aljezur de água proveniente de uma nova fonte de água".