O concurso público para a aquisição e instalação de 50 novos radares de controlo de velocidade, cujo lançamento esteve previsto para julho, ainda não saiu do papel, confirmou ao JN o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Rui Ribeiro.
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"Vai ser lançado assim que tivermos os dados todos", afirmou, à margem da sessão solene do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, que decorreu ontem, em Évora.
"Os lugares estão quase todos escolhidos. Falta escolher um ou dois", explicou.
Em junho, Rui Ribeiro afirmou ao JN que estava previsto para "muito em breve" o concurso público para juntar mais 50 radares ao Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (Sincro). Ontem, não especificou as razões deste atraso.
Esta meia centena de aparelhos de controlo de velocidade irá juntar-se aos 30 já existentes, que rodam por 50 cabinas fixas, a funcionar na totalidade desde julho de 2017. O estudo para alargar a rede ficou de ser entregue ao Governo em junho.
De acordo com o presidente da ANSR, os aparelhos, com as respetivas características técnicas, já foram escolhidos. Recorde-se que entre o primeiro concurso público para instalar os 30 radares e a entrada em funcionamento passaram três anos. O concurso foi lançado em maio de 2014, tendo sido feita a adjudicação em dezembro do mesmo ano ao consórcio EYssa-Tesis/ Micotec por quase 3, 2 milhões de euros. Mas o contrato só viria a ser assinado em março de 2015. Mais de um ano depois é que o Tribunal de Contas deu luz verde.
Mais 56 mil sem pontos
Questionado sobre o número de condutores que ficaram sem carta devido à perda de pontos, Rui Ribeiro disse não ser o dia para fazer tais perguntas, mas informou que, até 31 de outubro de 2019, 136 887 "já tinham ficado sem pontos", sem precisar quantas pessoas estão em risco de o ficar.
A Carta por Pontos entrou em vigor a 1 de junho de 2016. No ano passado, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), 47 690 condutores perderam pontos, em 2017 tinham sido 17 925. Em junho, num balanço dos três anos da carta por pontos, o Governo contava 80 mil condutores com perda de pontos, o que significa que mais 56 mil foram entretanto sancionados.
Sobre o que está a ser feito para reduzir o número de prescrições, o presidente da ANSR afirmou estar a trabalhar para "diminuir essa sensação de impunidade".
Dados
Impacto dos acidentes
Em 2018, 675 famílias perderam algum familiar na estrada, vítima de acidente rodoviário. Dessas, 19 do distrito de Évora. Em 2019, 12 pessoas já perderam a vida no distrito.
Primeira causa de morte nos jovens
Em todo o Mundo, todos os anos, morrem 1 milhão e 300 mil pessoas nas estradas . É a primeira causa de morte entre os 5 e os 24 anos. Em 2018, 44 mil ficaram feridas.
Depoimentos
Zilda Carapinha e Matilde Nobre (Évora)
Zilda Carapinha, 75 anos, e Matilde Nobre, 84 anos, perderam o sobrinho, Jorge de 28 anos, há 21 anos, num acidente de moto, provocado por um camião, na freguesia dos Canaviais, em Évora. Todos os anos, neste dia, visitam o monumento em Memória das Vítimas da Estrada, no bairro da Malagueira, em Évora. Para estas irmãs, "não há explicação para o que aconteceu. Nunca se esquece", admitiram.
Paula Fernandes (Torres Vedras)
Paula Fernandes perdeu o pai no dia 9 de maio de 2017, quando o carro em que seguia foi atingido por um camião, junto a Torres Vedras. "Ainda hoje não percebo como tudo aconteceu. A minha vida mudou para sempre". Até hoje, o condutor do camião não foi notificado para contar a sua versão do acidente. "Só em setembro deste ano é que a minha mãe começou a receber a pensão de viuvez. Não sabemos quando é que todo este processo vai terminar".