Confiança, só nos militares e polícias. Tribunais, Governo e Parlamento sem crédito
Maior parte das instituições tem uma avaliação negativa, incluindo Presidência da República, Câmaras Municipais e Ministério Público, revela sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.
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Os portugueses só confiam em duas instituições do regime democrático: as Forças Armadas e as Forças Policiais. A Presidência da República fica em terceiro lugar, mas já com saldo negativo. No fundo da tabela estão os Tribunais e Juízes, o Governo e a Assembleia da República, ou seja, os que fazem as leis e os que deveriam castigar quem não as cumpre.
A Presidência da República é uma espécie de exceção à regra da desconfiança que paira para sobre as instituições em que há políticos eleitos. Mas o retrato resulta, ainda assim, num saldo negativo de oito pontos (mais respostas negativas do que positivas) para o atual inquilino do Palácio de Belém: quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, Marcelo Rebelo de Sousa (cujo nome não foi explicitado na pergunta) só consegue saldo positivo entre os mais velhos e entre os eleitores da AD, do PS e da IL.
Bem mais sombrio é o panorama relativamente ao Governo (saldo negativo de 30 pontos) e à Assembleia da República (32 pontos). No primeiro caso, ainda se encontra uma exceção entre os eleitores da Aliança Democrática (55% confiam no Governo), mas no Parlamento nem isso. Nem as Câmaras Municipais escapam a esta vaga de rejeição por políticos eleitos: têm um saldo negativo de 27 pontos (ainda que haja exceções: os mais velhos fazem uma avaliação positiva).
Em linha com o descontentamento genérico relativamente à área da Justiça (64% dos inquiridos estão insatisfeitos, 34% dizem-se satisfeitos), quando se pergunta pela confiança relativamente ao Ministério Público e aos Tribunais e Juízes, os resultados são maus, em particular relativamente a estes últimos, que acusam um saldo negativo de 29 pontos (quase dois terços respondem que é pequena ou muito pequena, com destaque para a parcela mais empobrecida da população). No caso do Ministério Público, o saldo é de 18 pontos negativos, contando-se entre os mais desconfiados os portugueses mais velhos.
A Comunicação Social e os Sindicatos são as outras duas instituições com uma avaliação bastante negativa (ambas com saldo negativo de 24 pontos). No caso da primeira, a imagem mais positiva está entre a classe média, e a mais negativa entre a classe média alta e alta. Os Sindicatos são particularmente castigados por quem tem 65 anos ou mais e por quem vota mais à Direita, e têm melhor imagem entre os que têm 18 a 34 anos e entre os que votam mais à Esquerda.
É só nas instituições que têm a capacidade de recorrer à força que os portugueses verdadeiramente confiam. Em primeiro lugar, nas Forças Armadas, que conseguem um saldo positivo de 34 pontos percentuais, com destaque para os liberais, os comunistas, os socialistas e os que votaram na Aliança Democrática e, ao contrário, uma maior desconfiança de quem vota no BE e no Chega. Uma distribuição que indicia que, no que diz respeito aos militares, estar mais à Direita ou mais Esquerda tem pouca ou nenhuma influência na avaliação.
As Forças Policiais não estão muito distantes, com um saldo positivo de 29 pontos, percebendo-se que a confiança é maior entre os mais velhos, e que a desconfiança se acentua bastante entre os mais novos. No que diz respeito às escolhas partidárias, acentuam-se, aqui sim, as fronteiras ideológicas: os que têm opinião mais favorável das polícias são os que votam à Direita (AD, IL e Chega), mas entre os que votam no BE e no Livre o saldo é negativo.