Tinha razão Bento XVI quando aconselhava padres de Roma a não se resignarem com os "confessionários vazios". Desconheço o que se passa em Portugal, mas não deve ser muito diferente de Espanha, onde 80% dos católicos deixaram de se confessar, nem sequer uma vez por ano.
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Apesar disso, os consultórios de psicólogos, psiquiatras e de outros conselheiros espirituais enchem-se de consulentes e as pessoas até são capazes de se confessar em programas de televisão. Não falta quem se queixe que há, apesar de tudo, muitas comunhões, mas poucas confissões e não faltam católicos, mesmo entre os chamados praticantes, que raramente se confessam nem sentem necessidade do sacramento da reconciliação. Muitos justificam a sua alergia à confissão porque entendem que o pecado é algo já ultrapassado ou, então, um tabu que a Igreja inventou para dominar as consciências. São os que dizem que se confessam directamente a Deus. Há também quem acuse os confessores de terem afastado os penitentes a quem culpabilizaram morbidamente, carregando-lhes os ombros com a ameaça de castigos tenebrosos de Deus. Sem perda do sentido do pecado, seria terapêutico que a reconciliação fosse uma rica experiência de misericórdia divina, mais libertadora do que a obsessão de fazer do pecado o centro do cristianismo, o chamado amartiocentrismo. Nuclear é a graça de Deus.