Num congresso em que pretende colocar um ponto final nas divisões internas, em torno do objetivo maior de reconquista do poder, Rui Rio não contará com a oposição de Paulo Rangel, que não vai apresentar nem apoiar qualquer lista. Mas há antigos adversários à "espreita", com Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz a posicionarem-se com listas ao Conselho Nacional, onde o líder do PSD tem estado em minoria. Para inverter essa situação, Rui Rio aposta no "histórico" Pedro Roseta.
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Para o vice-presidente do PSD, David Justino, havendo já "um líder eleito e legitimado" em diretas "uma parte está resolvida". "Podemos pôr o PSD a lutar pelo seu objetivo que é ganhar as próximas eleições. Acho que não há nenhum social-democrata que não o queira fazer", considera, convicto de que Rui Rio conseguirá no conclave que hoje começa em Santa Maria da Feira a união necessária para não partir fragilizado para o combate com António Costa.
rangel na luta pela vitória
"A convergência com certeza que irá sobrepor-se a eventuais diferenças que possam existir", reforça David Justino, poucas horas depois de o adversário de Rui Rio, nas diretas do passado dia 27, ter confirmado o "ponto final, parágrafo" que prometera no Conselho Nacional de aprovação das listas de candidatos a deputados.
Paulo Rangel não vai apresentar nem apoiar qualquer lista aos órgãos nacionais. E a intervenção que fará, amanhã, no 39.o congresso do partido será "virada para fora e não para dentro", por sentir que tem "o dever de reserva e de mostrar que o PSD é uma alternativa ao PS". O eurodeputado assegura que vai ao conclave dar um "sinal muito claro" de que o PSD está concentrado "no grande objetivo que é ganhar as eleições".
Mas isso não significa que Rui Rio fique isento de críticas. O próprio Rangel admite que outras pessoas "não deixarão de marcar as suas posições", apesar de os apoiantes de Rui Rio pretenderem que o congresso, que não contará com nenhum ex-líder do PSD, não seja "hora de controversa".
José Silvano mantém-se
Mas o posicionamento dos críticos poderá ir além de Santa Maria da Feira. É que ex-rivais em diretas estão associados a listas adversárias ao Conselho Nacional. Miguel Pinto Luz lidera uma e Luís Montenegro apoia outra, cujo cabeça de lista ainda não é conhecido.
Já Rui Rio aposta numa renovação suave, com Pedro Roseta a encabeçar a lista ao Conselho Nacional. Nuno Morais Sarmento sai da vice-presidência para tentar derrubar Paulo Colaço do Conselho de Jurisdição Nacional. Paulo Mota Pinto volta a concorrer à presidência da Mesa do Congresso. José Silvano mantém-se como secretário-geral. E o economista Rui Morais avança para a Comissão Nacional de Auditoria Financeira.
Listas aos órgãos
Há dois anos, foram dez as listas ao Conselho Nacional. Agora, além da lista de Rui Rio, são esperadas candidaturas afetas a Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz, a habitual lista de Joaquim Biancard Cruz e Duarte Marques, além de André Neves que, há dois anos, conseguiu sete conselheiros nacionais. Também Carlos Reis está a ponderar se apresenta candidatura.
Uma nova maioria
A proposta de estratégia global de Rui Rio considera que o PSD "está em condições de governar" e refere que se deve construir uma "nova maioria sem linhas vermelhas", assente no diálogo "à esquerda ou à direita".
12 moções temáticas
Alem da moção global do líder do partido, vão ser debatidas 12 propostas temáticas: sete apresentadas por distritais do PSD, mais dos Trabalhadores Sociais-Democratas, dos Autarcas Sociais-Democratas e da JSD. Os temas variam entre reformas para o país e do sistema político à interioridade.
Modelo de votação
As propostas temáticas começam a ser apresentadas na noite de hoje e serão votadas amanhã, com um novo sistema. O sistema funcionará através do envio pelos delegados de um SMS ou email com a identificação da proposta e sentido de voto. Ainda assim, à cautela, todos os delegados terão o cartão em papel para a votação.