Já foi sinónimo de guerra, resistência e “comida barata de desenrasque”. Hoje, é qualidade, tradição, cultura e inovação.
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A produção de conservas de peixe está a crescer. Ao atum juntaram-se outras 31 espécies. Cresceu a diversidade de molhos. A imagem “cinzenta” deu lugar a embalagens coloridas. Faz-se a ligação ao país e ao património, conta-se parte da história e a lata é, agora, tantas vezes, o souvenir que os turistas levam como lembrança de um Portugal com cheiro a sal e a mar. Hoje, é Dia Nacional das Conservas de Peixe. Em Portugal, há 19 fábricas, que empregam mais de 3500 pessoas, na sua maioria mulheres, e produzem 73 mil toneladas de conservas por ano.
“Sempre tivemos um produto excelente. Temos anos de know-how e trabalhamos com o nosso peixe fresco, que é de grande qualidade, mas em termos de apresentação era péssimo e a verdade é que não havia muita procura”, explica Ricardo Silva, o proprietário da Cego do Maio. A marca de conservas nasceu há 13 anos, na mercearia à moda antiga, Raul & Costa, na Póvoa de Varzim, ali ao lado de produtos cheios de história como a pasta de dentes Couto, os biscoitos Paupério ou os sabonetes da Ach. Brito. Foi buscar o nome ao maior herói poveiro: o Cego do Maio. O resto, continua a contar, Ricardo Silva, foi tudo marketing: uma nova roupagem, embalagens atrativas, coloridas, completadas com pedaços de história, “completamente diferentes de tudo o que andava no mercado”, tudo para “chamar à atenção para a qualidade do produto”, comprado às conserveiras locais. A “moda” pegou e, em meia dúzia de anos, surgiram largas dezenas de “pequenas” marcas e a venda de conservas deixou de ser um “exclusivo” da grande distribuição. Subiram os preços, passaram a haver lojas especializadas, chegaram as embalagens em papel. Promoveu-se a agora multidialmente famosa “portuguese sardine”.