Direção queria que aumento fosse maior. Custo de medicamentos será fixado pelo Infarmed.
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O preço das consultas para beneficiários da ADSE vai subir de 3,99 para 5 euros e o custo de muitos medicamentos passará a ter como referência um valor fixado pelo Infarmed, evitando excessos. As medidas, previstas na revisão das Tabelas do Regime Convencionado, tiveram parecer positivo do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE. José Abraão, da Fesap - que votou a favor - entendendo que "era possível ter ido mais longe", mas admite que se chegou a um "equilíbrio", por isso fez um balanço "positivo" das mudanças.
"Estão criadas as condições para que possa haver melhores serviços e mais prestadores futuramente", afirmou Abraão ao JN. Embora lamente "alguns aumentos simbólicos" nas consultas, o sindicalista sublinha que o parecer propõe a manutenção dos preços atuais até ao fim da pandemia. No global considera que as alterações são "positivas" para os trabalhadores da Administração Pública.
Frente Comum opôs-se
José Abraão destaca o "conjunto de preços" de medicamentos que foram "fechados". Agora, segundo explica, estes passam a estar "balizados por preços máximos", segundo o critério do Infarmed. "Em muitos casos deixa de haver preços exagerados", garante.
O parecer foi aprovado com nove votos a favor e cinco contra. Os elementos que se opuseram, por discordarem da subida de preço nas consultas, foram os dois representantes da Frente Comum (afeta à CGTP), os dois da Confederação Nacional de Reformados e a presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (da UGT). A proposta inicial da direção previa que o custo das consultas subisse para 5,5 euros.
Abraão defende que as melhores condições de preços nos internamentos ou o facto de passar a haver maior oferta de dentistas farão os beneficiários poupar dinheiro. No entanto, garante que as medidas não colocam em causa a "sustentabilidade" da ADSE.
O dirigente da Fesap destacou ainda o alargamento da cobertura de consultas a áreas como a psicologia clínica, "muito importante nos tempos que correm". "Espero que se continue, como o Conselho Diretivo tem prometido, na senda de se celebrar novas convenções, para que possa haver mais escolha", concluiu.
Hospitais privados com mais 3 mil camas em 20 anos
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a capacidade dos hospitais privados aumentou mais de 3 mil camas entre 1999 e 2009, passando de 8524 para 11 563. Já o total de camas no país caiu quase 2200, para 36 064, fruto da quebra de 5200 no SNS. Segundo o INE, em 2019 havia 127 hospitais privados - mais 25 do que em 2010 -, sendo que a atividade a nível de consultas cresceu de 15,6% para 37,3%. Óscar Gaspar, presidente da APHP, diz que os dados "reforçam a evidência da participação dos hospitais privados" no país, aumentando também a sua "responsabilidade".