Desde 2021, a toma aumentou 24%, segundo dados do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistências a Antibióticos. Esta sexta-feira é assinalado o Dia do Antibiótico,
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O consumo de antibióticos em Portugal diminuiu durante a pandemia, mas voltou a subir em 2022. Os dados foram avançados por Artur Paiva, diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistências a Antibióticos numa conferência online para assinalar o Dia do Antibiótico que hoje se celebra.
“Entre 2019 e 2021 o consumo de antibióticos na comunidade reduziu 31% em relação aos anos anteriores, mas, nos dois anos seguintes, aumentou 24%”, afirmou o médico. Durante a pandemia, o uso de máscaras, o afastamento social e o trabalho a partir de casa fez com houvesse menos infeções e que, fora dos hospitais, os médicos prescrevessem menos medicamentos. “Depois da pandemia, os números voltaram a aumentar, mas mantêm-se estáveis”, frisou.
Atualmente, 85% dos antibióticos usados em Portugal são comprados em farmácias comunitárias e prescritos por clínicos fora de centros hospitalares. Nos hospitais, os números são outros e durante a covid-19, a toma de antibióticos cresceu 20%.
Anualmente, morrem cerca de mil pessoas com infeções hospitalares diretamente causadas por bactérias multirresistentes. “As bactérias fintam-nos e desenvolvem a sua capacidade de resistência aos medicamentos”, disse Manuela Caniça do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
“O objetivo é reduzir o consumo de antibióticos” e, desta forma, tornar os medicamentos mais eficientes, explicou Carlos Lima Alves, vice-presidente do INFARMED. Contrariamente a outros medicamentos e de acordo com Lima Alves, a percentagem de antibióticos comprados sem receita médica “é residual”.
“Se nada for feito, podemos passar de um mundo em que não existiam antibióticos para um mundo com resistência aos antibióticos”, frisou Artur Paiva.
A redução do uso de antibióticos, de acordo com o Programa de Prevenção e Controlo de Infeções, passa por um uso mais racional dos medicamentos e pela prevenção e redução de infeções. Uma melhor prescrição de antibióticos e uma maior literacia e envolvimento dos cidadãos sobre as infeções e a forma de as tratar são também formas apontadas pelo grupo de trabalho para reduzir a toma de antibióticos.
“É um ciclo vicioso em que há mais infeções, há mais antibióticos, mais resistência, mais dificuldade em tratar as infeções e temos que encontrar um fio para quebrar este ciclo”, finalizou Artur Paiva.