Contra campanha do medo, Assis quer reconciliar classe média com Estado Social
O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, pede que o PS "não ceda à tentação de fazer uma campanha com base no medo ou no ressentimento" e disse que é fundamental reconciliar a classe média com o Estado Social, sob pena de o país entrar "numa crise gravíssima". SNS e educação são prioridades.
Corpo do artigo
Falando para a campanha eleitoral que se avizinha e reconhecendo que o quadro eleitoral é "complexo" e que o país vive "uma fase crucial", Francisco Assis deixou um apelo ao PS: "Não cedamos à tentação com base no medo, no ressentimento de qualquer espécie, mesmo que esse medo seja legítimo e que esse ressentimento possa ter alguma razão de ser", disse, apelando a que se faça uma campanha "pela positiva" porque "o socialismo democrático tem de estar voltado para o futuro".
"Os nosso inimigos políticos existem, são os inimigos da democracia, aqueles que sistematicamente fazem um discurso antidemocrático e antiparlamentarista. Os outros são os nossos adversários e com os nossos adversários temos obrigação de conflituar e de dialogar. É só desta forma que conseguimos consolidar as democracias", disse Francisco Assis, lembrando que "as democracias podem morrer a qualquer momento. Se até as civilizações morrem, quanto mais as democracias". disse.
Assis defendeu que o PS tem de ser um partido da ambição em matéria do crescimento económico e do aumento da produtividade da economia, admitindo que o país progrediu pouco nas últimas décadas nesse domínio. "É preciso ter uma ambição ainda maior, temos de ter a ambição de um crescimento ainda maior para aumentar o rendimento das pessoas", afirmou.
Outra das prioridades, apontou, é a defesa do estado providência, que considera ser "uma das maiores conquistas civilizacionais do país". "Os que defendem o estado mínimo são os que não precisam do Estado para nada , mas a esmagadora maioria das pessoas precisa de um Estado ativo, que seja defensor da sua própria dignidade", afirmou, defendendo que a defesa do Estado social tem de ser uma prioridade de um futuro governo do PS, designadamente numa melhoria do funcionamento do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública, repondendo à "inquietação" dos professores.
"Temos de olhar de outra maneira para a questão da educacao. É essencial que o PS responda a essa inquietação dos professores porque são essenciais na formação", disse, apontando também problemas ao SNS. "Algo vai mal no nosso país quando se verifica que uma parte significativa está nas mãos de entidades privadas e uma desvalorização do SNS", disse.
Assis disse que hoje em Portugal há "um problema sério": "temos que reconciliar a classe média portuguesa com o Estado Social, é absolutamente essencial operar essa reconciliação", disse, considerando que "no dia em que a classe média portuguesa deixar de recorrer ao SNS quando está doente ou de enviar os seus filhos para a escola pública, nesse dia o Estado Social entra numa crise gravíssima, porventura numa crise terminal", disse.