Convenção pelos oceanos limpos quer elevar a discussão a um patamar internacional
A Convenção das Organizações para um Oceano Limpo surge para responder à necessidade de conservação dos oceanos. A edição deste ano realiza-se este sábado e quer preparar as organizações portuguesas para conseguirem discutir os entraves na conservação marinha a nível internacional.
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O objetivo é preparar a participação das organizações portuguesas para a 3.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (UNOC3), a decorrer em 2025, em França, onde podem expor as suas preocupações e apresentar soluções no âmbito da defesa dos oceanos. A Convenção das Organizações para um Oceano Limpo (COOL24) vai ter lugar em Lisboa, este sábado, organizada pela Fundação Oceano Azul.
"Na COOL deste ano, iremos debater os temas prioritários que definem a agenda internacional do oceano, através de dinâmicas participativas com as organizações nacionais. O objetivo é ficar a conhecer os temas mais relevantes e que orientam o seu trabalho e confrontar com as prioridades internacionais", disse ao JN Flávia Silva, gestora de projeto da Fundação Oceano Azul.
Nos temas em debate, a responsável aponta que "a poluição é central e recorrente" na convenção. "Este ano teremos Heather Koldewey, líder do Programa de Ciências Marinhas, Fundação Bertarelli e Sociedade Zoológica de Londres, que dará uma abordagem holística e trará uma visão internacional. Já na área da conservação, destacamos a importância das Áreas Marinhas Protegidas e a Gestão do Alto-Mar, para os quais teremos oradores de renome nacional e internacional", adiantou Flávia Silva. Outros temas de relevo "serão a mineração do mar profundo, a pesca sustentável e o papel das comunidades locais". A ciência, a economia e as sinergias são "temas transversais a esta convenção".
Fomentar a rede COOL é um dos principais objetivos, como explica Flávia Silva: "Abrimos portas às várias organizações da sociedade civil, assim como a movimentos de cidadãos, que durante todo o ano se dedicam à proteção e conservação do oceano e que em vários momentos do ano se unem em prol desta visão para iniciativas de âmbito nacional. Um dos principais objetivos deste encontro é promover a interação entre todos, dando-lhes oportunidade para divulgarem o seu trabalho e darem a conhecer-se, potenciando assim colaborações e sinergias para o futuro".
A futura 3.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas está integrada na Década das Nações Unidas das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável 2021- 2030. No ano passado foi criado um comité nacional em Portugal com esse efeito, de forma a promover e coordenar a ação nacional para a concretização dos objetivos definidos pela ONU no que diz respeito aos temas sobre o oceano.
"Tem de ser o ponto de viragem na ambição na ação para as medidas globais definidas para salvar o oceano. Esta Conferência será a última oportunidade de reverter alguns dos maiores problemas que o oceano enfrenta hoje. A ser realizada em 2025, será a última conferência global com a capacidade de refletir e traçar um roadmap para concretizar as metas estabelecidas para 2030, nomeadamente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS). Sem a definição destes objetivos concretos para a ação, corremos o risco de o planeta entrar num ponto de rotura, sem retorno", afirmou Flávia Silva.