A presidente do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) defendeu, esta terça-feira, que o empreendedorismo pode ser um caminho viável e promissor para as pessoas altamente qualificadas em Portugal.
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A docente universitária Joana Resende foi a convidada da 4.ª tertúlia das “Conversas de Café”, uma iniciativa do JN e da Faculdade de Economia do Porto (FEP), com o patrocínio da Torre dos Clérigos, que decorreu esta terça-feira no Café Velasquez, no Porto.
“Para uma pessoa que tire um doutoramento em Portugal, o empreendedorismo pode ser um caminho para criar o seu próprio emprego”, referiu Joana Resende. A também vice-reitora da Universidade do Porto para as áreas do planeamento estratégico, empreendedorismo e valorização do conhecimento explicou que “o mercado de trabalho [nacional] não consegue pagar o retorno na formação”.
Criar uma empresa pode não só criar vários postos de trabalho, como aumentar o nível salarial das pessoas altamente qualificadas, disse a professora catedrática da FEP, numa conversa com Augusto Santos Silva.
Startups querem ir para os EUA
A UPTEC é uma incubadora que alberga empresas em fase inicial, as chamadas startups. Com 15 anos feitos no ano passado, a associação privada sem fins lucrativos, detida em 100% pela Universidade do Porto, tem quatro infraestruturas por onde passam atualmente mais de dois mil trabalhadores, de 44 nacionalidades. A maioria tem o Ensino Superior: “São pessoas altamente qualificadas, com mestrado e muitas com doutoramento”, adiantou Joana Resende.
A presidente da UPTEC lamentou a “profecia” de que as startups portuguesas para singrar tenham de apostar nos Estados Unidos, onde estão os investidores e o capital.
Joana Resende referiu que cada vez mais os investidores estrangeiros procuram Portugal para apostar nas empresas nacionais. “Ainda não temos unicórnios [startup avaliada em mais de mil milhões de euros] para mostrar na UPTEC, mas as empresas estão cada vez mais ativas”, afirmou.
O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto tem uma lista de espera de seis meses de empresas que querem estar integradas nas instalações da UPTEC. Esse interesse inclui multinacionais, que pretendem “estar perto das ideias”, disse Joana Resende.
Questionada por Augusto Santos Silva sobre a retenção de talentos, a vice-reitora da Universidade do Porto admite que, apesar do “investimento público” de Portugal nos estudantes, “o retorno da formação é realizado noutros países”. Para a Joana Resende, seria importante haver mais infraestruturas capazes de albergar e apoiar o empreendedorismo nacional.