Contágios terão acontecido em atividades exteriores às universidades. No Porto, convívio em bar terá facilitado o surto. Em Aveiro, 15 positivos são espanhóis.
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Há mais de 60 estudantes de Erasmus infetados nas universidades do Porto e de Aveiro. Em ambos os casos, os alunos estrangeiros terão sido contagiados fora das faculdades e encontram-se em isolamento. No Porto, um convívio num bar da cidade poderá ter facilitado o contágio.
De acordo com a Administração Regional de Saúde do Norte, no Porto o primeiro caso foi detetado no passado dia 2, tendo já testado positivo 49 alunos. A Universidade confirma ter cerca de 40 infetados, mas admite que há mais alunos estrangeiros contaminados noutras instituições de Ensino Superior da cidade.
São estudantes de vários países, distribuídos por "praticamente todas as faculdades", levando a Reitoria a acreditar "que o contágio ter-se-á dado fora do contexto de aulas ou outras atividades no interior da universidade". A instituição garante ainda não ter "registo de qualquer caso de contágio" ocorrido dentro das suas instalações.
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Já em Aveiro, são 20 os alunos positivos, sendo que pelo menos 15 são espanhóis, com idades entre 18 e 25 anos. Nenhum está internado, mas há alguns com sintomas. Os estudantes vivem na cidade, em residências particulares, partilhando alguns a mesma habitação. A Universidade de Aveiro afirma desconhecer em que circunstâncias os alunos foram infetados, não confirmando versões que correm no campus e que apontam para que tenham contraído o vírus num convívio estudantil.
Convívio em bar
Ao que o JN conseguiu apurar, no Porto, alguns estudantes de Erasmus juntaram-se na Adega Sports Bar a 24 de setembro. Sublinhando que "não houve nenhuma festa" no espaço, João Ferreira, sócio-gerente, confirmou ter recebido "alguns estudantes espanhóis". "Temos a casa aberta, com as nossas restrições, mas as pessoas não respeitam as normas. Aliás, quando chegou esse grupo, pedimos que fossem para o piso de cima, que é uma zona mais arejada e com menos pessoas, porque sabíamos que se ia tornar difícil controlá-los", explicou, adiantando ainda que os funcionários foram testados e nenhum deu positivo.
"Temos noção que se eles não estivessem aqui estavam noutro lado qualquer, até porque os estudantes fazem muitos "botellóns" em casa e nos jardins. Nada garante que tenha sido aqui", acrescentou João Ferreira.
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As universidades apelam ao cumprimento das regras de segurança, dentro e fora do horário letivo. De acordo com a Universidade do Porto, as autoridades de saúde determinaram apenas "o isolamento domiciliário dos casos positivos e respetivos coabitantes", uma vez que "os contactos mantidos em contexto de aula foram considerados de baixo risco tendo em conta os procedimentos de segurança implementados" dentro das faculdades.
Apoio aos alunos
"Estamos a acompanhar de perto os estudantes a quem foi decretado o isolamento, no sentido de providenciar o apoio necessário para a satisfação das suas necessidades quotidianas, nomeadamente a entrega no domicílio de refeições, medicação e outros bens de primeira necessidade", sublinhou a instituição.
Também a associação Erasmus Student Network, que presta apoio aos estudantes em Erasmus, está a contactar empresas que possam prestar auxílio na entrega de alimentos e medicamentos aos alunos durante o isolamento.
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Mobilidade
A Universidade do Porto tem neste semestre 571 estudantes de mobilidade internacional. São alunos que chegaram à cidade ao abrigo do Erasmus e de outros programas semelhantes.
Receio
"Eles estão sem a família deles e não falam português. A nossa preocupação é que tenham uma experiência não traumatizante e que sejam bem acolhidos. O meu medo é que a população comece a achar que o problema são os estrangeiros", disse Ludmila Sobra, presidente da associação Erasmus Student Network.