A coordenadora nacional da transplantação, Margarida Ivo da Silva, aponta para a necessidade de reforçar os recursos humanos na área, devido ao desgaste da atividade nos profissionais. Sugere ainda a necessidade de alterações legislativas.
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"Não sei dizer números, o que sei é que é preciso recursos humanos em todo o lado, porque as pessoas estão muito cansadas de acordar a meio da noite para ir transplantar e isto é muito cansativo, é sucessivo. São pessoas que dedicam a sua vida a uma atividade que agora é corrente. Embora estejam por gosto nesta atividade, precisam de uma compensação. É preciso haver algum retorno para as pessoas, para chegarem a casa mais tranquilas, porque isto é diário", afirmou a coordenadora, esta quinta-feira, à margem da apresentação da atividade nacional de doação e transplantação de 2022, que decorreu no Centro de Sangue e Transplantação de Coimbra.
Na parte das alterações legislativas, Margarida Ivo da Silva destacou a lei da alocação renal, que data de 2010. "A ciência evoluiu, a histocompatibilidade também, e é preciso ajustar a lei à ciência. Temos de mudar a lei de acordo com o estado da arte", sublinhou.
Terceiro lugar
Margarida Ivo da Silva apresentou, esta quinta-feira, os resultados da atividade de transplantação de 2022, onde, nos resultados preliminares, Portugal ocupa o terceiro lugar no ranking de doação de órgãos por dador falecido, com 30,8 doações por milhão de habitante, apenas superado pelos Estados Unidos da América e Espanha.
"Estes dados são preliminares, uma vez que ainda não foram apurados os de todos os países, mas se descermos não devemos ficar abaixo do quarto lugar", apontou.
Em Portugal realizaram-se 814 transplantes de órgãos, mais 15 do que em 2021. Os transplantes renais foram os mais frequentes, com um total de 476. O pulmonar teve o maior número de sempre, com 76, mais 12 do que em 2021.