Projeto recorre ao canto como ferramenta de reabilitação. Neste Dia Mundial da Voz, assinalado esta quarta-feira, procura novos elementos.
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O Coro RespirAR a Música, um projeto terapêutico que recorre ao canto como instrumento para ajudar quem sofre de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), bronquiectasias, asma e outras doenças respiratórias crónicas, está disponível para receber novos cantores. É uma oportunidade para quem sofre destas doenças trabalhar a capacidade pulmonar e fortalecer músculos enquanto se diverte, afiança a fisioterapeuta Catarina Agapito, responsável pelo projeto, que quer aproveitar o Dia Mundial da Voz, que esta quarta-feira se assinala, para chamar a atenção para estas patologias.
Pode soar estranho, mas cantar ajuda quem sofre de doenças respiratórias crónicas. “Para conseguirmos produzir som e perpetuar uma nota musical, temos de ter uma boa musculatura vocal e respiratória”, explica Catarina Agapito”, sublinhando que, ao cantar, os doentes trabalham a musculatura respiratória (diafragma, músculos intercostais, etc.), a mesma que se trabalha em exercícios de reabilitação respiratória. Para reforçar ainda mais os benefícios, no início de cada ensaio deste coro são realizados exercícios vocais e de expansão abdomino-diafragmática e torácica, o que ajuda a preparar as “estruturas musculares e articulares a nível do tórax que vamos utilizar no canto”.
Numa altura de agudização destas doenças, refere a fisioterapeuta, é comum que a voz dos doentes fique “muito fraquinha e com pouca expressão”, pelo que muitos acham que não vão conseguir cantar. “Mas temos visto que conseguem perfeitamente. Familiares referem que pessoas que falavam baixinho e tinham dificuldade até na própria fonação conseguiram exprimir-se”.
Para além disso, através desta iniciativa os doentes reduzem o stresse e aproveitam para partilhar dificuldades, receios e soluções.
Cinco elementos
O coro surgiu em 2019 “para ajudar na reabilitação respiratória de doentes e alertar para esta abordagem como uma resposta preponderante para as doenças respiratórias cronicas”, que geralmente têm “pouca visibilidade” e são detetadas “tardiamente”, acrescenta ainda Catarina Agapito, que é fisioterapeuta na Linde Saúde, explicando que o projeto decorre das ações de responsabilidade social da empresa.
Conduzido pelo Maestro Dale Chappell, já chegou a ter 25 elementos, entre doentes, familiares e amigos, mas atualmente restam apenas cinco pessoas. Catarina Agapito diz, por isso, que há total disponibilidade para “integrar mais cantores”. Os interessados podem voluntariar-se diretamente ou podem ser encaminhados por médicos e enfermeiros. A participação é gratuita.
Ensaios presenciais e online
Os ensaios decorrem uma vez por semana, às quintas-feiras à tarde. Atualmente há uma alternância entre sessões presenciais (nas instalações da Linde saúde, em Cabo Ruivo, Lisboa) e online (via zoom).
Concertos e congressos
O coro já fez diversos concertos e deu-se a conhecer como projeto terapêutico em congressos médicos.