Afinam as vozes apenas uma vez por semana e durante duas horas. Os 90 elementos - 30 são homens - que compõem o coro do Santuário de Fátima dão os últimos "retoques" aos tons das canções. A emoção é grande, assim como a responsabilidade.
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Sabem de cor as músicas e as letras da quase totalidade das músicas que vão ser entoadas durante os dias 12 e 13 de Maio próximo. "Vamos manter o programa habitual das peregrinações" de Maio a Outubro, esclarece o padre Artur Oliveira, há 33 anos responsável pelo coro do Santuário. A única novidade do repertório "é o hino do Papa", criado pelo padre António Cartageno, e que há algum tempo está a ser ensaiado.
Para dar um colorido diferente, o actual responsável pela secção de Música Sacra do Serviço de Pastoral Litúrgica do Santuário, convidou uma cantora de ópera que interpretará, acompanhada pelo coro, o Pannis Angélicus, Magnificat e o Avé de Fátima.
"Andamos muito entusiasmados nos ensaios", assegura o padre Artur Oliveira que dirigiu o coro em todas as peregrinações que João Paulo II realizou à Cova da Iria em 1981, 1991 e em 2000.
Enquanto vai preparando os "cadernos" com as músicas e cumprimentando um a um os elementos do coro que vão chegando para o ensaio, o padre Artur assegura que "há sempre uma particular emoção quando se canta para um Papa". "São momentos essencialíssimos do ponto vista humano e espiritual", afiançou.
Um pouco nervosa, Conceição Seabra Galante acede trocar umas "palavrinhas" antes de começar o ensaio. Cantora de ópera e "profundamente católica", esta "mulher de fé", como se assume, revela que "é com grande emoção" que participa nas cerimónias.
"É uma grande honra cantar para o Santo Padre", diz Conceição que na tarde de 13 de Maio, na Igreja da Santíssima Trindade, irá interpretar a solo o "Avé Maria" de Coccini. "Vou cantar pela primeira vez para o Papa", revela, adiantando que quando canta pensa sempre em Nossa Senhora.
Sílvia Santos tem 29 anos, há sete que faz parte do coro do Santuário e cantará pela primeira vez para um Papa. "É sempre uma honra termos cá o Papa", diz Sílvia, assegurando que "não há espaço para nervosismos", afinal "vamos cantar a Deus". E afirma que sente "uma grande felicidade interior" por poder cantar nas celebrações que serão presididas por Bento XVI, em Fátima.
Graça Ferreira trabalhou no Vaticano e está "muito ligada" a este Papa. Conheceu-o ainda era cardeal e foi com "grande emoção" que soube da sua eleição. "Em 1996, durante uma missa, eu entreguei a pixie e senti que ele me olhou profundamente", recorda Graça que há 14 anos faz parte do coro do Santuário.