O possível abate de árvores centenárias junto à Torre Eiffel, no coração de Paris, está a provocar uma onda de indignação nas redes sociais. Apesar da Câmara Municipal da capital francesa negar essa intenção, uma petição, que juntou mais de 75 mil assinaturas em apenas três dias, quer travar os projetos em curso para a zona de Champ-de-Mars.
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A polémica decorre da aprovação, há poucas semanas, de um grande projeto de requalificação de espaços verdes da cidade de Paris, que prevê a construção a poucos metros da Torre Eiffel de edifícios para albergar novos equipamentos, nomeadamente um destinado a depósito de bagagens,
Se tudo correr de acordo com o que foi estabelecido entre a Autarquia e a empresa responsável pela Torre Eiffel, as obras arrancarão já no próximo mês, possibilidade que desagrada aos populares, particularmente aos mais de 75 mil subscritores da petição.
De acordo com estes, o projeto visa, na realidade, a construção de cinco prédios de 25 a 35 metros de comprimento e 4,5 metros de altura. A julgar pelos planos, "esses pequenos prédios com espaços verdes nas coberturas (para esconder um pouco a realidade) são na verdade escritórios, lojas e restaurantes".
É uma manifestação adicional da gestão catastrófica da cidade em termos de meio ambiente
Para os subscritores, tudo isto é "muito mau", especialmente para as árvores ao redor, como os castanheiros, tílias, ou plátanos.
As vozes da discórdia, apontando diretamente à presidente da Câmara Anne Hidalgo, fazem-se ouvir por toda a França. Esta segunda-feira, Didier Rykner, jornalista francês, historiador de arte e autor do livro "O Desaparecimento de Paris", citado pelo diário francês "Le Figaro", classifica este plano como "uma manifestação adicional da gestão catastrófica da cidade em termos de meio ambiente".
"Comparar, através do Google Earth, as imagens vistas do céu há alguns anos e o que se tornou hoje, é um exercício aterrorizante", prossegue o autor do livro na mesma peça.
Câmara garante que vai proteger árvores centenárias
E as acusações não param, quando considera que as árvores de Paris estão a "desaparecer a alta velocidade em quase todos os lugares, nas ruas ou em terrenos privados, em benefício de requalificação sem alma". Cita o exemplo da Porte de Montreuil , onde, diz, "76 grandes plátanos foram impiedosamente sacrificados ao desenvolvimento imobiliário, num projeto onde, no total, serão cortadas nada menos que 250 árvores".
Perante a contestação, Emmanuel Grégoire, primeiro deputado da Câmara de Paris, veio a público deixar a promessa de "fazer tudo" para preservar o ambiente e garantir que "nenhuma árvore centenária será abatida".