Costa: "2020 ficará para História como o ano da derrota do pensamento liberal"
O primeiro-ministro considerou, nesta quarta-feira, que o ano de 2020, marcado pela pandemia, ficará para a História como o ano da derrota do pensamento económico liberal e, num recado à sua esquerda, afirmou que se enganará quem julgar que escolherá a austeridade.
Corpo do artigo
António Costa deixou estes avisos de caráter ideológico na segunda ronda do debate sobre política geral., na Assembleia da República, depois de ter escutado uma intervenção crítica referente à tese do "Estado mínimo" por parte do deputado e presidente da concelhia do PS/Porto, Tiago Barbosa Ribeiro.
Na sua resposta, o líder do executivo começou por deixar uma farpa indireta para os partidos à esquerda do PS, afirmando que "alguns tiveram a ilusão de que o Governo responderia a esta crise com austeridade". "Aí teriam a oportunidade de dizer que cá está o PS a fazer a política da direita. Enganaram-se e vão continuar a enganar-se, porque já demonstrámos a partir de 2015 que a recuperação económica não se faz com austeridade, mas combatendo a austeridade. Isso é fundamental para a confiança dos agentes económicos, para sustentar o rendimento das famílias e para apoiar o emprego", defendeu o líder do executivo.
Depois, dirigiu-se sobretudo ao deputado único e presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, e declarou: "2020 é o ano que ficará para História pela covid-19, mas também como o ano da derrota histórica do pensamento liberal face à defesa do Estado social". "Foi o ano em que o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e a Segurança Social responderam às necessidades efetivas das famílias e das empresas", disse, recebendo muitas palmas da bancada socialista.
13713611
De acordo com António Costa, o ano passado, com a crise pandémica, "não foi de aumento de impostos, de corte das pensões ou das prestações sociais". "Foi o ano em que aumentou 12% a despesa com a Segurança Social. Se me perguntam se o país está bem, respondo que não, porque estamos a enfrentar uma dramática crise económica e social. Mas ninguém tem dúvidas que, se tivéssemos seguido a política da direita, então a situação seria muitíssimo pior", declarou.
Antes, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro defendera também a tese de que um "Estado mínimo" teria sido incapaz de enfrentar a crise provocada pela pandemia da covid-19 e sustentou que, desde o final de 2015, os governos do PS recusaram a via da austeridade, mostrando que "havia alternativa".
"A governação do PS tem sido essencial para a viragem da política europeia ao mostrar que não é precisa a austeridade para se atingir bons resultados. Portugal recuperou a respeitabilidade europeia durante os anos que estava reduzido ao princípio da obediência ao mais forte", advogou ainda o presidente da concelhia do PS/Porto e coordenador da bancada socialista para as questões do trabalho.