Costa ao ataque: Cavaco quis acabar com o SNS, Durão fugiu e Passos abre "janela" ao Chega
O primeiro-ministro, António Costa, jogou ao ataque no comício do PS, no Porto. Acusou Cavaco Silva de ter tentado acabar com o SNS e disse que Durão Barroso fugiu para Bruxelas quando viu que governar não é só "inaugurar". Sobre Passos Coelho, ironizou que o PSD fecha a porta ao Chega mas deixa-o entrar "pela janela".
Corpo do artigo
Costa discursou durante quase 40 minutos no comício deste sábado. Serviu-se de artigos de jornais - que levou para o púlpito - para dizer aos indecisos que o país está melhor, comparou a queda precoce do seu Governo a um jogo de futebol que termina aos 40 minutos e, tratando Pedro Nuno Santos por você, disse querer fazer dele "o próximo primeiro-ministro de Portugal".
Um dos momentos da noite, contudo, foi o ataque cerrado do ainda primeiro-ministro aos vários antigos governantes do PSD que têm entrado na campanha eleitoral. Começou por fazer uma observação geral: "Não é por irem buscar inspiração aos anteriores primeiros-ministros da AD que eles vão conseguir governar no dia de hoje", atirou, acusando a coligação de Direita de "impreparação".
Dito isto, atacou o legado de Cavaco Silva, ironizando que este "governou numa era em que não havia Internet nem providências cautelares". Insistindo na antiguidade de Cavaco, acrescentou que este ganhou eleições "quando só havia uma televisão em Portugal - que era, aliás, comandada pelo seu ministro adjunto".
No entanto, sublinhar que Cavaco esteve no poder há várias décadas não era o principal objetivo de Costa ao falar deste seu antecessor. Frisando que a Direita "votou contra a criação do SNS", acusou o PSD de, "nos governos do professor Cavaco", ter querido "acabar com o SNS". Após alguns segundos, nos quais a sala assobiou fortemente o visado, Costa concluiu: "E só não acabou porque o Tribunal Constitucional não deixou".
António Costa utilizou esse episódio sobre a rede pública de saúde para apelar aos indecisos: "Alguém acredita que eles vão tratar melhor o SNS do que nós temos tratado?", atirou.
PSD fecha a porta ao Chega, Passos Coelho fá-lo "entrar pela janela"
Sobre Passos Coelho houve duas referências, ambas sem direito a menção direta ao social-democrata. Na primeira, quando discursava sobre as dificuldades colocadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, Costa afirmou: "Bem sei que alguns estão muito preocupados com a imigração, mas eu estou mais preocupado com a economia e com a falta de mão-de-obra".
Pouco depois, aludindo novamente à recente relação, estabelecida por Passos, entre imigração e insegurança, o ainda primeiro-ministro referiu: "Dizem para o Chega sair pela porta mas, depois, o Chega entra pela janela, contaminando-os a eles". Esta foi a única vez que Costa falou sobre a extrema-direita.
Para Durão Barroso, que também entrou na campanha eleitoral, ficou reservado apenas um breve comentário, também ele em tom de ironia: "Quanto ao outro [Durão Barroso], em menos de dois anos percebeu que governar não era inaugurar e achou que era melhor ir para Bruxelas", concluiu Costa.
Por fim, o primeiro-ministro cessante aludiu ainda a Pedro Santana Lopes, dizendo que este antigo governante "até queria" que a AD o convidasse para a campanha, "mas eles não convidam".