Costa desvaloriza voto contra de Meloni com quem espera negociar com "proximidade"
O presidente do Conselho Europeu eleito garantiu, esta sexta-feira, que quer assegurar o bom funcionamento do órgão e a unidade entre os estados-membros da UE. Em Bruxelas, António Costa desvalorizou o voto contra de Giorgia Meloni, com quem espera colaborar com "enorme proximidade".
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No primeiro dia após ser nomeado pelos líderes dos 27, António Costa rumou a Bruxelas para reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e a ainda primeira ministra da Estónia, Kaja Kallas. Os nomes que vão ocupar os cargos de topo da União Europeia e com quem o ex-primeiro-ministro vai trabalhar. O encontro decorreu na zona VIP do aeroporto da capital da Bélgica.
Em declarações aos jornalistas, o ex-primeiro-ministro nomeou duas missões para o seu mandato: "Assegurar o bom funcionamento do Conselho, a unidade entre todos os estados-membros e a boa articulação com as instituições" e "colocar em prática a agenda estratégica que ontem foi aprovada e que é o nosso mapa para os próximos cinco anos", vincou.
Honrado com a nomeação dos líderes dos 27, António Costa realçou que pretende “contribuir para o prestígio” de Portugal e espera “corresponder ao exemplo dos portugueses que trabalham no estrangeiro”.
Após a demissão como primeiro-ministro, Costa até afastou a possibilidade de assumir cargos políticos, mas agora a “situação é diferente”, assumiu. "Se eu fosse crente, por ventura, diria que era um milagre. Mas a vida é feita de mudança e muita água correu no Tejo desde esse dia. Acho que hoje, manifestamente, estamos numa situação diferente”
O socialista desvalorizou o voto contra que recebeu da italiana Giorgia Meloni, durante a cimeira europeia, e garantiu que vai colaborar com “enorme proximidade” com todos os países. “O Conselho não é uma agremiação de tecnocratas, mas de políticos. Todos têm as suas ideias políticas e, portanto, votam também e manifestam-se de acordo com essas preferências. Compreendo o voto da primeira-ministra de Itália com quem conto colaborar com enorme proximidade”, afirmou.
“Uma das grandes qualidades da União Europeia é ser uma união de vários Estados, todos Estados de direito democrático e onde, portanto, os respetivos Governos são fruto da vontade popular. O presidente do Conselho tem que respeitar todos”, acrescentou, lembrando que quando assumiu as funções de primeiro-ministro português, em 2015, também não recebeu elogios de todos os países membros.
Já sobre as declarações do presidente da República, que considerou a escolha mais acertada por ser um nome aceite “pela direita mais radical”, Costa atirou que todos os países “têm igual direito e merecem igual respeito”. “Toda a gente sabe qual é a minha família política”, salientou.
Tomada de posse em dezembro
António Costa tomará posse apenas em dezembro, mas até lá espera reunir com o atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. “Vou querer falar com todos os líderes e ouvir as ideias de todos”, notou, reconhecendo que só não conhece o primeiro-ministro da Irlanda. Para já, vai aproveitar “umas semanas largas e consecutivas de férias”, o que já não faz desde “que saiu da universidade”, confessou.
Recorde-se que António Costa vai liderar o Conselho Europeu nos próximos dois anos e meio, sucedendo a Charles Michel. É a primeira vez que um socialista e português ocupa o cargo. A decisão foi tomada pelos chefes europeus, em Bruxelas. Apenas a primeira-ministra italiana declinou o nome do português por considerar ser uma proposta “errada no método e na substância”.
Durante a reunião, os líderes europeus também aprovaram a indicação de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da presidência da Comissão Europeia e de Kaja Kallas para o cargo de alta representante da União Europeia para a política externa. Os nomes destas últimas terão ainda que ser aprovados pelo Parlamento Europeu, sendo necessário a anuência de mais de metade dos 720 eurodeputados (361).