O secretário-geral do PS advertiu, esta quinta-feira, que a abstenção representa um voto indireto na coligação PSD/CDS-PP e advogou que no país "há uma maioria esmagadora" de portugueses que querem pôr termo ao atual Governo.
Corpo do artigo
António Costa falava num almoço em Gaia, num discurso em que começou por revelar uma conversa com o dirigente histórico socialista Manuel Alegre para sustentar a tese de que o critério mais importante nas sondagens é o contacto direto e "o olhar das pessoas" em relação ao candidato.
Num apelo para que até domingo sejam desfeitas as dúvidas dos indecisos, designadamente daqueles que concordam com o PS mas duvidam do programa do PS, António Costa deixou um aviso: "O PS não promete demais, nem é mais do mesmo, e cada abstenção é um voto indireto na coligação de Direita".
O secretário-geral do PS visou indiretamente o presidente da República, pedindo aos eleitores um resultado "absolutamente inequívoco" para não dar pretextos a ninguém para se recusar a nomear um Governo socialista na segunda-feira.
António Costa deixou este aviso na parte final da sua intervenção no almoço em Gaia, em que pediu aos simpatizantes e militantes socialistas para que convençam "um a um aqueles que ainda estão indecisos".
"Convençamos até, um a um, aqueles que estão propensos a votar em outras forças políticas, mas não nos podemos deixar de bater por cada voto. Desta vez cada voto vai ser mesmo absolutamente essencial para garantir um resultado absolutamente inequívoco - uma maioria absoluta que não dê pretextos a ninguém para não nomear na segunda-feira um novo Governo do PS para governar Portugal nos próximos quatro anos", declarou.
De acordo com a "grande sondagem" que António Costa diz ter feito ao longo dos últimos meses, após percorrer o país, há duas conclusões a retirar: "Há uma esmagadora maioria de portugueses que tem a firme determinação de pôr termo a esta política e a este Governo e há um número muito significativo de pessoas que já percebeu que, gostando mais ou menos, só há uma forma de pôr termo a este Governo se votar no PS".
António Costa referiu-se também às causas profundas do grupo de cidadãos indecisos, sustentando que muitos querem o fim da sobretaxa de IRS e a reposição dos cortes salariais, mas não confiam que o PS cumpra essas promessas.
"Sentem-se tentados a ficar em casa e até absterem-se. Temos o dever de ter a humildade de desmontar argumentos e explicar que esse voto é absolutamente decisivo, não só para derrotar a direita, mas também para que o PS possa ganhar em condições de poder governar e poder cumprir o seu programa", advogou.
O secretário-geral do PS identificou também "sentimentos contraditórios" em cidadãos que querem mudar de Governo, mas ao mesmo tempo dizem que os socialistas estão a prometer coisas a mais.
"Foi precisamente para não prometermos demais que o PS teve o cuidado de se preparar para estas eleições e, por isso, antes de assumir compromissos, fez a avaliação das medidas e fez as contas. Hoje o programa do PS não é um conjunto de promessas, mas um conjunto de compromissos escritos e com contas certas", insistiu o líder socialista.