Costa diz que "maior perigo" da extrema-direita é "condicionar" a Direita tradicional
O líder do PS considerou, esta segunda-feira, que o "maior perigo" da extrema-direita é vir a "condicionar" os partidos da Direita institucional. António Costa acusou também o PSD de querer "fazer perigar" as reformas dos portugueses caso abra a Segurança Social aos privados.
Corpo do artigo
Numa iniciativa promovida pelas Mulheres Socialistas, em Lisboa, Costa argumentou que "normalizar" o discurso da extrema-direita é "começar a abrir uma brecha" na sociedade, uma vez que esse lado do espectro político "tem, na sua raiz, o desrespeito pela dignidade da pessoa humana".
Sem nunca mencionar diretamente o PSD ou o Chega, o líder socialista aludiu à discussão sobre a prisão perpétua, que marcou o debate entre Rui Rio e André Ventura: "Quando se começa a achar que a prisão perpétua pode não ser bem uma prisão perpétua, é o primeiro passo para se começar a achar que o racismo não é bem racismo, que a xenofobia não é bem xenofobia e que a desigualdade de género não é bem desigualdade de género", referiu.
Num discurso onde aflorou questões como os direitos das mulheres, a situação da comunidade LGBT ou as migrações, Costa quis também abordar o modelo da Segurança Social para deixar um segundo recado ao PSD: caso o partido de Rio introduza um sistema misto, poderá "fazer perigar" o futuro das pensões, argumentou.
"O nosso modelo social assenta num contrato intergeracional. Para isso, temos de ter a garantia de que há uma entidade intemporal, que é o Estado, que está para além das vicissitudes do mercado", afirmou o primeiro-ministro.
Costa insistiu que há candidatos, que "aparecem na televisão com um ar muito moderno", a tentar convencer o país de que pretendem "libertá-lo da carga fiscal". Mas, para o socialista, essas ideias ameaçam a "sustentabilidade" da Segurança Social e geram "um enorme risco para as gerações futuras". Lembrando que esse modelo deu maus resultados nos EUA, rematou: "Esse é um risco que não podemos correr".
Na sessão, onde respondeu a perguntas de seis membros da sociedade civil, Costa elegeu ainda as alterações climáticas como "o combate dos combates", considerando-as uma questão essencial para a "sobrevivência da humanidade".