Costa garante haver financiamento para "cada prioridade" de Tiago Barbosa Ribeiro
António Costa fechou a campanha do Porto com a garantia de que "para cada uma das prioridades" enumeradas pelo candidato socialista Tiago Barbosa Ribeiro "há financiamento previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)". Além de elencar medidas do seu Governo, o líder do PS disse que este partido é "o campeão da descentralização para o poder local", deixando críticas indiretas a Rui Moreira pelo "medo" de assumir novas competências e recordando os "mais de mil milhões de euros por ano" a transferir. Destacou ainda o referendo à regionalização em 2024.
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O secretário-geral do PS falava na Praça de D. João I, após a intervenção do candidato à Câmara, Tiago Barbosa Ribeiro, que se centrou nos ataques ao presidente recandidato e à sua "bazuca de anúncios" por cumprir.
António Costa, apesar de fortemente criticado pela Oposição por usar a "bazuca" dos fundos e de ser alvo de queixas na Comissão Nacional de Eleições, não deixou de abordar mais uma vez o tema, no último dia de campanha. "Não podia terminar sem falar do PRR", afirmou Costa no comício do Porto.
"O que tenho a dizer a Tiago Barbosa Ribeiro é que para cada uma dessas prioridades há financiamento previsto no PRR", assegurou o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, aludindo às várias propostas referidas na intervenção anterior pelo candidato à Câmara do Porto, como por exemplo a existência de mais habitação. Além disso, Costa referiu ainda a construção de novas linhas no metro do Porto.
"Remar para o mesmo lado"
A propósito do PRR, referiu ainda que "esta tem de ser uma ação não só centrada no Governo", mas também "nas regiões, municípios e freguesias". "Só remando para o mesmo lado, podemos vencer esta crise", acrescentou, e por isso é preciso dar força ao PS em todo o país".
Para além de fazer depender a concretização dos projetos dos resultados eleitorais de domingo, o líder socialista garantiu que "nunca entra numa eleição que não seja com ambição de ganhar". No caso do Porto, onde a Oposição procura travar a maioria absoluta do independente Rui Moreira, Costa deixou indiretas ao autarca.
Para autarcas "sem medo"
Após chamar ao seu Governo o mérito pela municipalização da STCP e pelo reforço das competências das áreas metropolitanas, sublinhou que, "em abril, entrará em vigor a nova geração de competências e recursos". São "mais de mil milhões de euros por ano que o Estado transferirá para os municípios" e "precisamos de ter em cada concelho autarcas que não tenham medo e assumam estas competências".
Antes, Tiago Barbosa Ribeiro foi mais explícito. Nos ataques a Moreira, disse que "prega muito mas não vai à missa". "O Governo quer transferir competências e Rui Moreira recusa só para esconder" a sua "inoperância", acusou o socialista. Disse ainda que "a regionalização é um tema de que o PS não abdica", recordando que Moreira "votou contra" no referendo. "Eu nunca mudei de opinião. No PS, não recebemos lições sobre regionalização", prosseguiu, enquanto Costa admitiu que se tarda em fazer a regionalização, mas "em 2024 o povo será chamado a tomar posição".
"Portugal 2030 tem mais verbas"
António Costa não falou apenas do PRR mas também do plano financeiro plurianual. "Temos falado muito do PRR, mas há também o Portugal 2030, que tem o dobro das verbas". Neste domínio, nota que "o Norte vai ser chamado a elaborar o plano operacional" para a região. E destacou, a propósito, o novo modelo de eleição para as comissões de coordenação e desenvolvimento, com voto dos autarcas.
"Pandemia mostrou diferenças" de governos
O secretário-geral do PS falou ainda do combate ao "maldito vírus" e disse que, com esta pandemia da covid-19, "foi possível compreender a diferença" entre governos. "Na crise anterior", diz que o PSD e o CDS, partido que apoia Rui Moreira, responderam "com austeridade". E "nesta crise, respondemos com solidariedade", contrapôs, notando os cerca de 6% de desemprego. "Imaginem que a governação tinha sido confiada a PSD e CDS?", perguntou Costa, em jeito de provocação. Além disso, referiu que o PS se "bateu na Europa", e "desta vez não teve troika".
Costa "tem sido amigo do Porto", diz candidato
Na mesma linha de Costa, que garantiu haver financiamento para as suas prioridades, Tiago Barbosa Ribeiro disse que "se temos investimento no Porto, nós devemos isso a António Costa" e "se temos metro deve-se à visão" do atual primeiro-ministro, exemplificou. Por isso, considera que o líder socialista e primeiro-ministro "tem sido amigo do Porto". Notou que "alguns candidatos não gostam que ele esteja" na cidade com a sua candidatura, mas diz que se estivesse "com o líder do CDS ao seu lado também não ia gostar", aludindo ao apoio do partido de Francisco Rodrigues dos Santos a Rui Moreira.
Barbosa Ribeiro contra "derrotas antecipadas"
O candidato socialista à Câmara referiu que não crê em vitórias antecipadas, mas também não acredita "em derrotas antecipadas", quando as sondagens confirmam o poder do movimento independente. "Não viemos aqui para cumprir calendário, viemos para disputar a Câmara", sublinhou, dizendo que o Porto perdeu "voz nacional e regional", para além de habitantes, poder de compra e empresa, sendo "uma cidade dividida pela conta bancária".
Aproveitou ainda para deixar uma crítica a outros partidos dirigida aos que "decidiram abandonar o barco", mas ainda "podem voltar". Um ataque feito em vésperas de novo orçamento, quando o Bloco votou contra o anterior.
Arruada tardia
Antes do comício, Tiago Barbosa Ribeiro fez uma arruada de pouco mais de meia hora que começou com cerca de três quartos de hora de atraso. Acompanhado do candidato à Assembleia Municipal, Alberto Martins, que fora depois bastante elogiado por Costa, Tiago Barbosa Ribeiro já não correu risco de se cruzar com as comitivas de Rui Moreira e do Bloco de Esquerda, na Rua de Santa Catarina, após o movimento independente ter ficado parado logo após o arranque devido à candidatura bloquista.