
O primeiro-ministro, António Costa
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta segunda-feira que o país não pode "voltar a uma paralisação global da economia", devido ao "impacto brutal" que teve o estado de emergência na fase inicial da pandemia.
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Na quinta-feira, o Governo vai anunciar as medidas a tomar quando o continente passar para a situação de contingência, no dia 15. Mas António Costa quer evitar a todo o custo um novo fecho do país. A deteção de casos em lares, admitiu, não está a ser eficaz.
À entrada para a reunião com os peritos em epidemiologia, no Porto, na tarde desta segunda-feira, o primeiro-ministro não adiantou que medidas serão aprovadas pelo Conselho de Ministros de quinta-feira, mas deixou claro não querer repetir o confinamento realizado no início da pandemia. "Não podemos voltar a parar todos, a voltar a uma paralisação global da economia, pelo impacto brutal que teve no desemprego, no rendimento das famílias e das empresas", disse, acrescentando que "cada um de nós está mais consciente agora do que estava no início, em março". Sem especificar, disse apenas que as medidas serão as "necessárias e suficientes", ou seja, não serão mais gravosas do que o estritamente necessário para conter a pandemia.
Surtos detetados tarde demais
A mudança de estação e o regresso ao trabalho e à escola têm aumentado o número de contágios e o primeiro-ministro insistiu que o fulcral é preservar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde. No pico da pandemia, disse, a taxa de ocupação das camas de cuidados continuados foi de 63%.
"Esta reunião de hoje é muito importante, porque estamos num período crucial. Estamos a aproximar-nos do outono e inverno e que estão a terminar as férias, com o regresso ao trabalho e do ano letivo. Há um aumento do número de pessoas em atividade e por isso o risco de contágio também é maior. Há um aumento significativo de casos nos últimos dias", afirmou António Costa.
O primeiro-ministro disse ainda que este "é um bom momento para relembrar que até haver vacina a pandemia não passou" e que é necessário "ter todos os cuidados e cumprir as regras". "A melhor forma de defender o SNS é protegermo-nos uns aos outros, cumprindo as regras de saúde. É essencial mantermos a capacidade de resposta do SNS. Temos vindo a reforçar essa capacidade de resposta, mas tem sempre um limite. Cada um de nós tem de se proteger e assim proteger aos outros", apelou.
Quanto aos lares, António Costa reconheceu que têm havido "pontualmente situações muito críticas" e que a deteção precoce de surtos não está a ser bem-sucedida. "As notificações acontecem quando já existem 40 ou 60 casos", notou, salientando a criação de equipas multidisciplinares, pelo Ministério do Trabalho e Segurança Social.
Reunião no Porto
As reuniões entre decisores políticos e técnicos está a decorrer no Porto, no auditório da Faculdade de Medicina do Porto. A mudança, justificou Costa, visa reconhecer o papel que a Academia do Porto tem tido na investigação sobre a covid, incluindo estudos serológicos e a app Stay Away covid.
