O secretário-geral cessante do PS garantiu, esta sexta-feira, no arranque do congresso do PS em Lisboa, que os muros que derrubou à Esquerda não voltarão a existir e passou em revista algumas das conquistas dos seus governos, acenando com o fantasma da Direita. E avisou: "Podem ter-me derrubado mas não me derrotaram".
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"Ter contas certas não é só termos eliminado os cortes e termos hoje uma dívida menor. É porque conseguimos eliminar cortes, descongelar carreiras na Função Pública, aumentar pensões, reduzir o IRS, aumentar o investimento público e, ao mesmo tempo, diminuir a dívida e o défice. Conseguimos aumentar salários e o diabo não veio", declarou António Costa, repetindo três vezes essa ideia.
"Não veio, não veio. O diabo não veio porque os portugueses não devolveram o governo à Direita", disse, admitindo que há problemas e que "é possível fazer melhor", mas que "só o PS fará melhor do que o PS". Num discurso com vários ataques à Direita, em particular ao governo de Pedro Passos Coelho, o cessante líder socialista lembrou, por exemplo, o convite à emigração que foi feito aos jovens.
"Ao contrário dos outros que os aconselharam a emigrar, nós lutamos para que fiquem entre nós", vincou António Costa, referindo-se a medidas como as inseridas na Agenda para o Trabalho Digno, o alargamento do programa de habitação Porta 65 e o IRS jovem. "Se (esses jovens) tivessem chegado ao mercado quando a Direita governava não havia IRS jovem, pagavam tudo por inteiro", reforçou.
António Costa começou o seu discurso por saudar o novo secretário-geral, Pedro Nuno Santos, garantindo que será o primeiro primeiro-ministro que nasceu depois da Revolução de Abril e elogiou os acordos que tornaram possível a geringonça. "Nasceu em 1977, quando Mário Soares pediu a adesão à CEE e atingiu a maioridade quando Guterres formou o primeiro Governo", especificou António Costa, considerando que a "nova geração" que representa Pedro Nuno Santos "significa um novo impulso, uma nova energia, um novo olhar sobre os problemas".
"Não deixaremos voltar a erguer esses muros, porque criámos uma nova forma de governar e essa forma correu bem e é por isso que esses muros não voltarão a existir", disse, considerando que o PS que criou a geringonça de 2015 foi "o mesmo PS que, na rua, se bateu, em 1975, para garantir a liberdade e a democracia e combater a deriva totalitária da revolução".
O primeiro-ministro demissionário garantiu que o partido está unido em torno da nova liderança e deixou um reparo ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa quando se referiu à regionalização. "Sabíamos qe tinhamos um presidente que não autorizava a regionalização mas fizemos até onde foi possível fazer", disse, referindo-se à reforma da descentralização.