Invasão da Ucrânia e inflação - as duas guerras referidas na oitava mensagem de Natal feita por António Costa, a primeira enquanto chefe de um Governo de maioria absoluta. O primeiro-ministro pediu aos portugueses confiança e solidariedade para o país chegar "ao pelotão da frente". Mas não apontou medidas ou novas estratégias.
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"Este ano, a inflação atingiu níveis que não vivíamos há três décadas; as taxas de juro subiram para valores que os mais novos não conheciam; e a fatura da energia cresceu, tanto para as famílias como para as empresas", sublinhou António Costa, este domingo. Numa mensagem curta e otimista, a palavra inflação só surge nesta frase. O primeiro-ministro não recordou, por exemplo, nenhum dos apoios ou medidas extraordinárias dirigidas às famílias. Não fez qualquer previsão ou estimativa se a inflação continuará a subir em 2023 ou garantias de como o Governo irá procurar travar esta escalada.
"A trajetória sustentada de redução do défice e da dívida coloca-nos ao abrigo das turbulências do passado. O investimento que temos feito nas qualificações, na ciência, na inovação, e na transição energética e climática garante-nos que estamos no pelotão da frente para vencer os desafios do futuro", garantiu, apontando este como sendo o caminho a seguir.
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Quatro desafios estratégicos
"Famílias, empresas, instituições do setor social, autarquias, Estado, estamos a lutar, lado a lado, para não deixar ninguém para trás, para proteger o emprego, para continuar a recuperar das feridas da pandemia, na economia, nas aprendizagens, na saúde, tanto física, como mental", insistiu, referindo que só com sentido de "solidariedade" o país vai continuar a aproximar-se das economias mais desenvolvidas da Europa.
Para 2023, António Costa apontou como "desafios estratégicos" reduzir as desigualdades, acudir à emergência climática, assegurar a transição digital e vencer o desafio demográfico.
Na primeira mensagem de Natal como primeiro-ministro, em 2015, feita cerca de um mês depois de formalizar a "geringonça", António Costa apontava a necessidade de "virar a página da austeridade". Em 2016, apontou a Educação como uma prioridade nacional, numa mensagem gravada a partir de um jardim de infância; em 2019, o reforço do SNS e nos anos de 2020 e 2021 dedicou atenção à pandemia e ao sucesso da vacinação. Este ano, António Costa elegeu a invasão da Ucrânia e a inflação - dois acontecimentos sem fim à vista que marcaram 2022 e ameaçam também dominar 2023, agravando a crise socioeconómica.
"Paz, solidariedade e confiança são as três mensagens que neste Natal de 2022 quero partilhar com todos", insistiu António Costa. "Todos ansiamos pela paz depois da guerra regressar à Europa", afirmou. O primeiro-ministro iniciou o discurso com uma "palavra de carinho" para todos os ucranianos, quer vivam em Portugal há muito ou tenham chegado depois da invasão. "Acompanhamos a dor e o sofrimento do povo ucraniano e batemo-nos, lado a lado com a Ucrânia, pela paz e em defesa do direito internacional", garantiu António Costa.