António Costa foi buscar um homem do Norte, defensor acérrimo da regionalização, para seu braço direito. Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha, vai ser secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, um cargo que não estava previsto na orgânica do atual Governo. A tomada de posse será sexta-feira, pelas 19.30 horas, em Belém, juntamente com Margarida Tavares, médica do Hospital de S. João, e Ricardo Mestre, sub-diretor-geral da Saúde, que vão fazer equipa com o novo ministro Manuel Pizarro.
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Com o Governo debaixo de fogo por causa do pacote de medidas de apoio às famílias e a dar sinais de falta de organização, António Costa convidou Miguel Alves, um homem da sua confiança pessoal e política. Foi seu adjunto entre janeiro de 2006 e maio de 2007 quando Costa foi foi ministro da Administração Interna e acompanhou-o mais tarde na Câmara de Lisboa entre 2007 e 2009. O objetivo é "reforçar a coordenação política do Governo", referiu ao JN fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.
Miguel Alves é também presidente do Conselho Regional do Norte, um órgão consultivo da CCDRN. Neste cargo, tem deixado clara a sua posição favorável à regionalização, considerando que é "a mãe das reformas". Chegou até a exigir ao Governo que desenhasse um "mapa de atuação" que mostrasse o caminho a seguir até ao referendo, que o PS apontou para 2024.
Licenciado em Direito, 46 anos, foi dos primeiros autarcas a aceitar a descentralização de competências e tem-se batido pela valorização do poder local, em especial da região Norte, na distribuição dos fundos comunitários. Foi uma das vozes mais críticas quando o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, decidiu abandonar a Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Miguel Alves vai ocupar um cargo que António Costa dispensou na composição do atual Governo. Nos anteriores executivos, o cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro foi ocupado por Mariana Vieira da Silva, por Duarte Cordeiro e por Tiago Antunes.
Mudanças na Saúde
Na área da Saúde, as escolhas são uma surpresa e também há reforços do Norte. O cargo de secretário de Estado Adjunto e da Saúde passa a chamar-se Promoção da Saúde, deixando antever uma aposta de Pizarro na prevenção da doença e promoção da Saúde.
Será Margarida Tavares a ocupar o lugar. A médica infeciologista do Hospital de S. João é, desde julho, coordenadora do programa nacional de controlo das infeções sexualmente transmissíveis e da infeção pelo VIH, e ganhou especial notoriedade durante a pandemia, tendo integrado a "task force" para a covid-19.
Ricardo Mestre vai ser secretário de Estado da Saúde e deixa a subdireção Geral da Saúde, onde esteve apenas dois meses. Licenciado em economia, especialista em administração hospitalar, foi vogal executivo da Administração Central do Sistema de Saúde até março de 2021, e Gestor de Projeto no Conselho das Finanças Publicas, na área da saúde e do setor empresarial do Estado. Conhece, por isso, o setor e os seus problemas.