Nas presidenciais de domingo, 45 mil pessoas estarão impedidas de votar por terem testado positivo para a covid-19, depois do prazo de inscrição para voto antecipado por confinamento. A este número, somam-se todas as pessoas que a Direção-Geral da Saúde declarou como contacto de alto risco e, por isso, também seja obrigado a ficar em casa.
Corpo do artigo
Os eleitores em confinamento puderam inscrever-se para o voto antecipado entre 14 e 17 de janeiro. O prazo de inscrição deixou de fora do voto as 45 248 pessoas que testaram positivo a partir do dia 18, de acordo com boletins diários da Direção-Geral de Saúde. Ainda assim, quem adoeceu antes de dia 17 teve acesso ao regime legal excecional criado pelo Parlamento em novembro de 2019.
O regime permitiu aos eleitores em confinamento obrigatório votar no local onde estavam confinados, desde que no concelho onde estão recenseados ou num concelho limítrofe. A possibilidade foi alargada aos idosos residentes em lares. Este regime recebeu cerca de 12 mil pessoas, mas ainda não se apurou o número de idosos e confinamentos que efetivamente votaram, disse ao JN o Ministério da Administração Interna.
Mais mesas, menos voluntários
Apesar da adesão ao regime excecional e ao voto antecipado por mobilidade (exercido por 197 903 pessoas), ainda faltam mais de nove milhões de eleitores, em território português. Amanhã poderão ir a uma das 12 273 secções de voto do país (há mais 177 no estrangeiro). Este número de mesas, apurado a 20 de janeiro, é superior em 22% ao das legislativas de 2019 e poderá ainda crescer, para evitar as filas de espera de domingo passado.
Em Coimbra, por exemplo, Manuel Machado abriu um novo local de voto, para evitar aglomerações de pessoas. O também presidente da Associação Nacional de Municípios sabe de outros presidentes de Câmara com planos semelhantes. Mas encontrar pessoas disponíveis para estar nas mesas de voto está a ser difícil.
A Administração Interna contabiliza 62 165 membros de mesa cujos nomes já foram publicados em edital. A partir do momento em que a sua designação é oficial, só podem desistir por razões de força maior. E muitos estão a fazê-lo, por estarem infetados ou em confinamento.
Coimbra e Maia são apenas dois dos municípios que estão a apelar a voluntários para preencher as mesas de voto com o mínimo de quatro elementos necessários. "É muito difícil encontrar voluntários", diz Jorge Veloso, presidente da Associação Nacional de Freguesias. A cada momento, tem que estar na mesa um presidente e dois escrutinadores, mas são precisas mais pessoas, para os revezar, ao longo do dia. "No mínimo, são precisas quatro pessoas", disse.
Admitindo que os autarcas encontram as cinco pessoas recomendadas para cada mesa de voto, o plebiscito de domingo envolverá 62 165 membros de mesa. Cada um receberá uma gratificação de 51,93 euros, pelo que, só aqui, serão precisos 3,2 milhões de euros. Somando as mais de três mil pessoas que estiveram nas 675 mesas no domingo passado, a conta chega a 3,4 milhões - mais 755 mil euros do que nas legislativas.
O valor vai disparar se nenhum candidato tiver mais do que metade dos votos e houver uma segunda volta.
Números
9,3 milhões
Em 2019, o Ministério da Administração Interna somava 9,318 milhões de portugueses recenseados, mais 600 mil do que há uma década. Somando os estrangeiros com direito a voto, em Portugal viviam 9,346 milhões de eleitores.
1,5 milhões
Aos eleitores residentes em Portugal, somam-se 1,5 milhões de portugueses emigrados, dois terços dos quais a viver na Europa. No total, podem exercer o direito de voto 10 857 196 pessoas.