
Filipe Amorim/Global Imagens
Os experientes parlamentares socialistas João Cravinho e Helena Roseta mostraram-se entusiasmados com a hipótese de um novo Governo do PS, apoiado por BE, PCP e PEV, enquanto Vera Jardim e Sérgio Sousa Pinto guardaram-se para a Comissão Política.
À entrada para a sede nacional, no largo do Rato, em Lisboa, o ex-deputado e ministro de diversos executivos anteriores classificou a opção do secretário-geral, António Costa, como "muito interessante", "um passo histórico imenso" e desejou o apoio por parte dos restantes membros da Comissão Política, reunida desde cerca das 21.45 horas.
"Pareceu-me uma comunicação muito clara, com um compromisso definido. É muito promissor no sentido de dotar o país de um Governo capaz de fazer uma política diferente, com continuidade", afirmou Cravinho sobre a conferência de imprensa do líder comunista, Jerónimo de Sousa, que confirmou o acordo com os socialistas.
Sobre o programa de Governo negociado com Bloco de Esquerda (BE), PCP e PEV, Cravinho alertou que há que observar "com detalhe e pormenor, não só o que sobe, mas também o que desce [em termos de despesa], pois "nem todas as grandezas que o orçamento contém vão no sentido da subida [da despesa]" e, apesar de "subidas relevantes", "também as compensações em termos de receita são significativas".
"A vida é uma aventura. Não há ninguém que seja capaz de dar um passo fora de casa e não esteja sujeito a um risco qualquer. Em economia há muitas variáveis, acontecimentos que ninguém domina como há também acertos", reconheceu.
Sobre o entendimento histórico à esquerda, Cravinho admitiu não ter pensado "que as coisas se viessem a programar desta forma".
"Isto é uma surpresa, mas nunca perdi a esperança de ver o bom senso democrático ser apanágio e propriedade não apenas de alguns auto-designados", disse.
Helena Roseta, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, após um breve período de dissidência do PS, confessou "um sentimento de grande orgulho por perceber" estar a viver "um tempo novo em Portugal, uma experiência que nunca se fez".
"Evidentemente, há pessoas cheias de medo, mas Portugal sempre teve momentos em que foi preciso romper. Recordo que velhos do Restelo houve sempre. Vou dar, com muito empenho, o meu apoio a António Costa", afirmou a deputada, reeleita em 4 de outubro.
Por seu turno, Vera Jardim, antecessor de António Costa como ministro da Justiça de António Guterres, apenas cumprimentou os jornalistas à entrada, com um "boa noite", à semelhança do deputado Sérgio Sousa Pinto, que se demitiu do secretariado nacional por discordar da opção de Costa.
"Vou falar ao meu partido, é a minha maneira de cumprir as minhas obrigações para com o partido", disse Sousa Pinto, à porta do Palácio Praia.
