Quem dera que, em 2010, não tenhamos de repetir, como em 2009, a palavra "crise" para traduzir uma situação embaraçosa à escala mundial. Foi assim, no ano findo, por razões políticas e também eclesiais.
Corpo do artigo
Enquanto os políticos e os economistas anunciavam medidas anticrise, a Igreja colocava mãos à obra, ajudando muitas famílias a minorar as carências. Como noticiou oportunamente a agência "Ecclesia", a Comissão Nacional Justiça e Paz, as Cáritas, nacional e diocesanas, e a Confederação Nacional das Instituições Sociais assumiram um papel fulcral na defesa e promoção da justiça social. "Reinventar a solidariedade" e "A construção do bem comum" foram duas expressões que marcaram pontos em 2009, durante o qual a Igreja se mobilizou contra a crise económica, social, política, familiar e educacional.
No seu quinto ano de pontificado, também Bento XVI deixou marcas significativas em 2009, emergindo como figura de referência, num cenário de crise, não propriamente por causa de qualquer receita específica para restaurar a regulação nas relações entre o trabalho e o capital ou entre as questões financeiras e as necessidades das famílias e empresas, mas porque, para lá das teorias e práticas económicas, apresentou um conjunto de exigências éticas essenciais para superar o actual estado de coisas, num horizonte aberto à esperança e à confiança.
Deixemos de lado a importância das suas viagens a África, Terra Santa e República Checa, bem como a sua imagem nos média. Destacou a necessidade de "voltar a dar esperança aos pobres", interrogando: "Como não pensar em tantas pessoas e famílias provadas pelas dificuldades e incertezas que a actual crise financeira e económica causou em escala mundial?
Como não recordar a crise alimentar e o aquecimento climático, que tornam ainda mais difícil o acesso à alimentação e à água para os habitantes das regiões mais pobres do planeta?". Garante que "um futuro melhor para todos é possível, se for fundado na redescoberta dos valores éticos fundamentais".