A ex-deputada Cristina Rodrigues foi constituída arguida no âmbito de uma queixa-crime apresentada pelo PAN em 2020. A atual assessora do Chega é acusada de ter eliminado correspondência do PAN, quando saiu do partido.
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Cristina Rodrigues foi constituída arguida, esta segunda-feira, pelo Ministério Público e sujeita à medida de coação mais leve: a do termo de identidade e residência. A ex-deputada do PAN foi acusada, assim, formalmente pelo crime de dano relativo a programas ou outros dados informáticos. Terá apagado mais de quatro mil emails do partido, na altura em que pediu a desfiliação para se tornar independente, com a ajuda de uma ex-colaboradora do partido.
"Os factos remontam a junho de 2020, tendo nessa altura Cristina Rodrigues acedido indevidamente a emails do PAN, eliminando mais de quatro mil emails, tendo como objetivo prejudicar o partido e o seu funcionamento", confirmou o PAN, em comunicado.
Apesar de a queixa ter sido apresentada em agosto de 2020, o PAN só a tornou pública em novembro passado. Em comunicado, revelou que "tudo indicava" que tinha sido a sua ex-deputada Cristina Rodrigues (eleita por Setúbal) uma das autoras dos ataques ilegítimos para proceder à eliminação "sistemática e maciça de correspondência" de um correio eletrónico associado à ação jurídica do partido liderado pela porta-voz Inês Sousa Real.
Segundo o referido comunicado, foi a 24 de junho de 2020 que o PAN percebeu que o email da secretaria da ação jurídica do partido tinha sido acedido "ilegitimamente", ao serem eliminadas as comunicações eletrónicas enviadas e recebidas até 25 de junho do ano passado, o que, para o partido, resultou numa perda de informação "sensível e relevante".
Acreditanto que as sabotagens possam ter sido feitas através dos computadores do Parlamento, o PAN pediu também "aos serviços da Assembleia da República que fossem fornecidos aos autos de inquérito elementos de prova, cujo acesso dependia exclusivamente da colaboração deste órgão de soberania".
Na altura, Cristina Rodrigues negou todas as acusações. "A deputada Cristina Rodrigues recebeu o pedido do levantamento da sua imunidade, no âmbito do processo de inquérito referido (NUIPC 7233/20.1T9LSB), ao qual já deu parecer positivo por forma a que a situação seja esclarecida o mais rapidamente possível", disse apenas, em comunicado, aquando do levantamento da sua imunidade, a pedido do Ministério Público. Desde então, tem-se remetido ao silêncio. E assim permaneceu face aos mais recentes desenvolvimentos.
Por sua vez, o PAN disse, esta terça-feira, que "aguarda os ulteriores trâmites do processo, com confiança na justiça, lamentando profundamente os danos que foram causados por Cristina Rodrigues ao partido e, acima de tudo, à luta pelas causas que o partido representa".