Assunção Cristas garantiu, este sábado, perante o congresso do CDS-PP em Aveiro, que cumpriu "o caminho traçado e a estratégia proposta" há quatro anos, mas reconheceu a evidência: "falhei o resultado". No entanto, não deixou de culpar o "voto útil". Diz sair triste mas tranquila por saber que deu "tudo o que podia" e pediu um congresso clarificador.
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"Propus um caminho de oposição firme e construtiva, com ambição e responsabilidade", começou por recordar a líder centrista, que bateu com a porta na sequência dos desastres eleitorais do partido e abrindo caminho a cinco candidaturas.
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Durante quatro anos, diz que a solução do Governo minoritário socialista apoiado nas esquerdas "funcionou". E "inaugurou um tempo novo, desconhecido até então" em que parceiros políticos concordaram no voto e discordaram no discurso "sem suscitarem indignação ou desconforto". Isto tudo com "maturidade democrática para uns, hipocrisia e tolerância para a esquerda para outros".
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Cristas admitiu ter acreditado que esta poderia ser uma oportunidade para a afirmação do CDS. "Acreditámos que o famoso voto útil, historicamente tão penalizador do CDS, poderia ter ficado no passado, provada que estava para o Centro e a Direita a inutilidade de ganhar eleições sem uma maioria", justificou a dirigente.
Da sua parte, garante ter cumprido o que propôs aquando da preparação do congresso de Gondomar. "Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-me hoje reconhecer uma evidência: falhei o resultado. Falhei porventura a análise das possibilidades que se abriam com as novas circunstâncias políticas e os resultados ficaram muito aquém das minhas e das vossas expectativas", reconheceu perante os congressistas. Cristas alegou ainda que não bastou o CDS "ter sido uma oposição combativa, tantas vezes isolada", numa crítica também ao PSD e recusando a ideia de que o partido liderado por si tenha falhado nesse papel de combate ao Governo de António Costa.
"Uns dirão que a estratégia estava errada, outros que cometeram erros táticos ou de comunicação, ou que falhamos na avaliação das circunstâncias. Ouvi atentamente muitas análises e, naturalmente, tenho a minha própria", continuou a líder centrista. No entanto, defendeu que "este não é nem o momento nem o dia apropriado para dissecar os erros desse roteiro. O tempo encarregar-se-á dessa análise detalhada".
Após lançar um "obrigada" aos delegados, deixou um pedido "para que o debate deste congresso seja profundo, sério, leal e a olhar para o futuro".
Na hora da despedida, insistiu que não sai desiludida. "Saio triste pelo resultado, mas tranquila por saber que dei tudo o que podia por aquilo em que acredito", assegurou Assunção Cristas."E não me desiludi porque nunca tive ilusões e sempre soube que em política nunca se pode esperar reconhecimento".
Para o final deixou mais um apelo: "desejo a todos um congresso extraordinário, que seja clarificador e que possa abrir um futuro luminoso para o CDS".