Formação dada em várias escolas continua a ser atrativa para muitos candidatos. Cenário é pior para quem está a terminar agora e encontra um mercado em baixa.
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A mais profunda crise da história da indústria da aviação não está, para já, a esmorecer quem sonha trabalhar no cockpit de uma aeronave.
É certo que há hoje mais incertezas sobre o futuro de uma profissão que, outrora, era mais risonho, e que houve, até, quem tivesse desistido ou suspendido a matrícula, mas cuja vaga foi preenchida por outros candidatos em lista de espera. O que não impede que, até janeiro de 2021, as escolas de aeronáutica tenham prevista a abertura de vários cursos de piloto de linha área, alguns deles já com as turmas completas.
É o caso da Sevenair, uma das maiores academias do país, que se prepara para fechar o ano com 92 novos alunos, os mesmos que em 2019 e os que estima para 2021. "Não temos sentido quebras em qualquer área do grupo. O transporte aéreo tem mantido vigor, a formação continua a ser muito procurada e a manutenção trabalha ao ritmo normal", garante Alexandre Alves, diretor comercial da empresa portuguesa, admitindo que o próximo ano possa trazer "uma diminuição da procura nacional", a ser compensada pelo aumento do número de candidatos estrangeiros.
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"Sabíamos que este ano, com ou sem covid, teríamos menos inscrições do que no anterior e é possível que no próximo seja também assim, porque, de facto, 2019 foi um ano excecional", observa Gonçalo Moreira, diretor geral da Nortávia.
Empregabilidade
O setor atravessava um período de enorme expansão e as escolas já não davam resposta a tantos candidatos. A pandemia fez esfriar o mercado e as expectativas.
À Omni continuam a chegar "muitos pedidos de informação, embora se note uma diminuição substancial em relação ao ano passado", admite o instrutor-chefe Mário Santos. "É natural que as pessoas tenham mais dúvidas", sublinha Nélio Fidalgo, presidente da Global Flight School, e que por isso, "haja mais ponderação" na hora de decidir pela escolha de um curso cujos preços variam entre os 60 mil e os 115 mil euros, e que hoje já não tem a taxa de empregabilidade de 100% como dantes.
Luís Giraldes, diretor de vendas e de marketing do IFA Training, lembra, no entanto, que "a situação é pior para quem está a meio ou a terminar a formação do que para quem vai iniciá-la agora e que só a concluirá daqui a dois ou três anos, quando o mercado já estiver a recuperar".
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Por outro lado, acrescenta, as estatísticas e a história mostram que a cada crise no setor se segue uma fase de crescimento exponencial, como se verificou no pós-11 de setembro e na última crise financeira, pelo que "a necessidade de recursos humanos será ainda maior do que antes da pandemia". "E qual é o curso que, ao fim de dois ou três anos, permite entrar numa carreira altamente promissora e muito bem remunerada?", questiona.
Sete são as escolas onde se obtém a Licença de Piloto de Linha Aérea: L3, Sevenair, Omni, Nortávia, IFA Training, Global Flight School e AWA.