Perante os cerca de 180 mil fiéis que, na noite de quinta-feira, se juntaram na Cova da Iria, o cardeal lamentou que a paz seja "um dom que está a faltar".
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Os apelos à paz e à oração pela pacificação dos conflito na Ucrânia, no Médio Oriente e em todas as zonas do mundo atingidas pela guerra marcaram a homilia que D. Américo Aguiar proferiu no Santuário de Fátima.
Perante cerca de 180 mil fiéis, o cardeal lamentou que a paz seja "um dom que está a faltar", na "malograda Ucrânia e na querida terra de Jesus", referindo-se ao recente conflito que eclodiu em Israel e na Faixa de Gaza. "A quem dá jeito esta nova guerra? Quem fica a ganhar com este calendário? Não sei, mas sei quem fica a perder. São as crianças, os jovens as mulheres e os idosos, os últimos de sempre", declarou.
D. Américo Aguiar, que preside, pela primeira vez, a uma peregrinação em Fátima desde que passou a integrar o Colégio Cardinalício, apelou ainda a que o esforço de pacificação se estenda também "às nossas terras, às nossas famílias e às nossas comunidades", porque, "às vezes, somos agentes de guerra e não de paz".
Preces dos peregrinos pela paz
O conflito no Médio Oriente também não passou ao lado das preces e das orações dos peregrinos. "Que Nossa Senhora faça com que a guerra acabe na Ucrânia, em Israel e em todo o mundo", pedia, emocionada, Fátima Rodrigues, que afixou, numa das grades do recinto, um cartaz com mensagens de paz e pedidos de proteção para a família. Ainda a recuperar de uma operação a uma hérnia, a mulher cumpriu mais uma peregrinação à Cova da Iria, um ritual que faz desde 2007, ano em que lhe foi detetado um nódulo num peito. "A primeira vez, vim por mim. Depois, pela família. Este ano, peço ainda pela paz."
Também com o pensamento nos "inocentes vítimas da guerra", Felisbela Tavares, de Oliveira do Hospital, conta que, este ano, vai colocar uma vela "pela paz no mundo", que arderá junto a uma figura em cera que reproduz um ser humano. Esta, diz, é pelo marido, "em agradecimento à Virgem que o ajudou a recuperar 100% de um AVC".
As orações pelo fim da guerra estiveram também presentes na caminhada que o grupo "Retiro Movimento da Mensagem de Fátima", composto por 80 pessoas, fez desde Évora até à Cova da Iria. "Todos os dias rezámos pela paz", revelou Manuela Barreto, a guia, que peregrina ao Santuário há 26 anos.
Fátima "é de todos"
Na sua homilia, D. Américo Aguiar destacou também a dimensão do Santuário de Fátima, cujo serviço de peregrinos o agora cardeal chegou a integrar. "Aqui, a palavra 'todos', uma palavra que o Papa Francisco elevou de forma única na passada Jornada Mundial da Juventude [JMJ], ganha dimensão de normalidade. Fátima é de todos e para todos", afirmou.
D. Américo Aguiar, o principal rosto da organização da JMJ, partilhou também com os peregrinos que esta sua presença em Fátima é um momento de ação de graças pela forma como decorreu o evento, deixando agradecimento a "todos" os que, de alguma forma, estiveram envolvidos.