D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, admitiu que há um caminho para as mulheres chegarem ao sacerdócio, uma vez que estão já "presentes em todos os serviços da igreja".
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O Papa tem trabalhado muito pela inclusão das mulheres. Em Portugal também é assim?
É isso que se tem estado a tentar fazer.
Quais são os passos concretos que têm sido dados?
Mudar a todos os níveis da Igreja. Mas esta questão existe desde o início. Veja o que aconteceu aos homens, os discípulos de Jesus, aqueles a quem foi confiada diretamente a direção da Igreja. Quando chegou a altura decisiva da morte de Jesus, deram todos à sola. Quem ficou foram mulheres. Que foram também as primeiras testemunhas da ressurreição.
Mas quais têm sido dados concretamente em Portugal?
Tirando o sacerdócio - essa é outra discussão -, as mulheres estão presentes em todos os serviços da Igreja. Temos de encontrar espaços para pessoas que estejam preparadas, sejam homens ou mulheres. Alguns serviços até já são feitos maioritariamente por mulheres: os leitores, os ministros da eucaristia que fazem a ligação com os doentes, a catequese....
A Igreja também caminhará em direção ao sacerdócio de mulheres?
Não vai ser o primeiro passo. Mas não é um assunto que vá ficar de fora do horizonte. Essa é também uma questão cultural. A vida da Igreja não se faz apenas no ambiente europeu onde estamos. Um passo desses só poderá ser dado numa comunhão eclesial que tem de ser bem ponderada. Mas acho que há um caminho para lá chegar. Veja, por exemplo, quanto a responsabilidades a nível geral na Igreja: o Papa escolheu para número dois do Sínodo uma senhora. É um caminho que tem de se fazer também ao nível das nossas dioceses e ao nível do ensino da teologia.