D. José Ornelas diz que Igreja já está a pagar ajuda psicológica a 30 vítimas de abuso
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) garante que "não faltará apoio financeiro" às vítimas de abusos sexuais na Igreja. D. José Ornelas falava aos jornalistas no final da Assembleia Plenária dos bispos portugueses, onde foi apresentada a constituição de uma equipa técnica, denominada por grupo VITA e liderada pela psicóloga Rute Agulhas, que terá a missão de acompanhar as situações de abuso sexual no contexto da Igreja Católica em Portugal.
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"Entramos agora numa nova fase", afirmou o também bispo de Leiria-Fátima, frisando que, depois do estudo histórico dos casos de abuso, feito pela comissão independente liderada por Pedro Strecht, agora é tempo de "acolher, acompanhar e tornar possível a reparação" das vítimas.
Segundo D. José Ornelas, neste momento, há no país 30 pessoas a quem a Igreja está a custear tratamentos psicológicos e psiquiátricos, um apoio que, assegurou, será estendido a quem dele necessitar.
"A Igreja está disponível para receber pessoas concretas que foram vítimas. Quem precisar de ajuda, vai tê-la", reiterou, adiantando que haverá uma bolsa de profissionais para prestar esse apoio, mas que "a ninguém será imposto este ou aquele psicólogo ou jurista".
"Não fugimos à lei"
D. José Ornelas esclareceu ainda que esse apoio terá lugar "independentemente de processos" judiciais que as vítimas entendam interpor e dos quais venha a resultar o eventual pagamento de indemnizações pelos danos sofridos. "Se houver processos desses, vamos cumprir. Não fugimos à lei", afiançou, clarificando, contudo, que, segundo a lei, o primeiro responsável "é o prevaricador".
"Se este não puder, nós indemnizamos", assegurou, reiterando a garantia deixada na missa celebrada, esta manhã, em Fátima, de que este é um processo sem retorno.
"Não queremos voltar atrás. Queremos que realmente não se passe ao lado [do problema], que não se seja conivente, mas antes proativo na informação, na preparação e na formação de pessoas. É por aí que as coisas podem mudar e criar uma cultura nova", reforçou.