O candidato à liderança do PS, Daniel Adrião, desafiou, este sábado, Pedro Nuno Santos a colocar no programa eleitoral do partido a reforma das leis eleitoriais e do sistema político. E pediu um pacto de regime alargado para se resolver os problemas da habitação.
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“A reforma do sistema político é fundamental para responder à crise das instituições democráticas”, sustentou Daniel Adrião, ao apresentar a moção que levou ao congresso socialista, que decorre, durante este fim de semana, em Lisboa.
Para Daniel Adrião, não faz sentido que os eleitores possam apenas votar em partidos, até porque não é isso que acontece em 25 dos 27 países da União Europeia. “Temos, em Portugal, um sistema político ancorado numa lei eleitoral atípica e anacrónica, que nega aos cidadãos o livre arbítrio de puderem eleger diretamente os seus representantes”, acusou.
“É preciso dizer claramente que a forma como se vota em Portugal é completamente distinta da forma como se vota nos outros países. Está limitada a se colocar uma cruz à frente do partido”, acrescentou, exortando o secretário-geral socialista: “Lanço a Pedro Nuno o repto de voltar a introduzir no programa eleitoral a reforma do sistema político e, em particular, de lei eleitoral”.
Daniel Adrião defendeu ainda um “pacto de regime para a habitação que envolva o maior número de partidos” para se realizar, assim, “uma reforma sistémica à crise na habitação, a maior injustiça social do país”.
Identificando como alvo a abater nas eleições de 10 de março “a direita neoliberal de fachada social-democrata”, Daniel Adrião aconselhou o PS “a ter a humildade de perante os portugueses assumir que nem sempre tudo correu bem e que houve acidentes de percurso”.
“Portugal ainda não conseguiu resolver alguns dos seus problemas estruturais mais graves, apesar dos significativos apoios que tem recebido da União Europeia”, apontou, propondo uma mudança do “paradigma económico” do país para que se consiga combater a pobreza, a exclusão social e melhorar os salários.