Miranda Sarmento sucede esta quarta-feira a Mota Pinto. Baptista Leite é um dos quatro nomes da era Rio que continuam vices
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Dois anos após ter assumido a presidência do Conselho Estratégico Nacional do PSD, o homem que era apontado como o preferido de Rui Rio para assumir a pasta do Ministério das Finanças de um Governo social-democrata vai ser eleito, esta quarta-feira, líder do grupo parlamentar. Joaquim Miranda Sarmento sucederá a Paulo Mota Pinto, tendo sido o único deputado que se apresentou a votos. Terá dez vice-presidentes, sendo que o número poderá subir a 12.
Dos dez novos vices da bancada, quatro transitam do tempo de Mota Pinto, o último líder parlamentar da era de Rio. São eles Ricardo Baptista Leite, Catarina Rocha Ferreira, Paulo Rios Oliveira e Paula Cardoso. André Coelho Lima, Hugo Carvalho e Fátima Ramos perdem o lugar (Mota Pinto só tinha sete vices).
Os restantes seis novos vice-presidentes são Hugo Carneiro, Clara Marques Mendes, João Moura, Joaquim Pinto Moreira, Andreia Neto e Hugo Oliveira. O grupo parlamentar irá propor uma alteração ao regulamento interno, de modo a poder aumentar o número de vices para 12. Feita a mudança, Alexandre Poço e Luís Gomes ocuparão as duas novas vagas.
Processo não foi pacífico
A escolha do líder parlamentar, que funcionará como uma espécie de número dois de Luís Montenegro, não foi pacífica. Na véspera do congresso do Porto, Mota Pinto anunciou a convocação de eleições na bancada, dizendo-se forçado a sair pelo novo presidente.
"Estava disponível para continuar", assegurou na altura, garantindo que, "por várias vezes", lhe foi pedido para marcar uma data. Ou seja, o líder demissionário da bancada insinuou uma espécie de retaliação. É que o atual secretário-geral do PSD, Hugo Soares, saiu da liderança da bancada, em 2018, seis meses após ter sido eleito com 85% dos votos e dizendo-se forçado por Rio. Esse anúncio também foi feito na véspera do congresso que consagrou Rio como sucessor de Passos.
Na reunião da bancada da semana passada, em que Montenegro participou, foram vários os deputados que garantiram estar ao lado do novo líder. A votação de quarta-feira será um primeiro sinal dessa união. Miranda Sarmento tem de conseguir, assim, um resultado aproximado ao que Mota Pinto obteve em abril passado, ao ser eleito líder parlamentar com 92%.
Miranda Sarmento escreveu o programa eleitoral do PSD para as legislativas de janeiro e, três meses depois, coordenou a moção que Montenegro levou às diretas de 28 de maio. Nas vésperas de completar 44 anos, este professor auxiliar de Finanças e ex-assessor económico de Cavaco Silva assumirá a liderança da bancada.
Contudo, Sarmento não sabe, para já, se conta com a "sombra" do antecessor, uma vez que Mota Pinto admitiu estar a equacionar o seu futuro no Parlamento. Contactado pelo JN, não esclareceu se já decidiu se renuncia ao mandato, à semelhança do que Rio anunciou mas ainda não concretizou.