Natália Nunes, jurista da Deco - Defesa do Consumidor, explica que o reforço da bonificação dos juros é "a única medida que verdadeiramente corresponde a um apoio", mas que continua a ser insuficiente porque não abrange todas as famílias. Quanto à estabilização das prestações, alerta que nem todos devem recorrer.
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Como avalia o reforço da bonificação dos juros?
É a única medida que verdadeiramente corresponde a um apoio. Tem um ligeiro aumento de 720 euros para 800 euros por ano, mas continua a ser insuficiente para estas famílias, porque estamos a falar de famílias com taxas de esforço muito elevadas, e só até ao 6.º escalão. Deveria ter sido mais robusta para ajudar verdadeiramente quem necessita.
Como avalia a medida que estabiliza as prestações?
As famílias devem ter uma postura muito proativa de verem o impacto que pode ter, no futuro, para os seus empréstimos. Isto não é um apoio nem um desconto, é apenas a possibilidade de pagar menos agora para pagar depois. É disso que estamos a falar. Pode aliviar agora, mas pode criar um problema no futuro e as famílias têm que estar bem cientes das implicações.
Pode não compensar?
É uma medida aberta a todos, mas eu diria que nem todos devem recorrer a ela. Só deve recorrer quem verdadeiramente esteja numa situação preocupante e com dificuldades. Falta aqui ainda saber de que forma depois as famílias vão pagar este valor. Já sabemos que não são os bancos e não é o Estado, portanto são as famílias. Gostaria muito que a informação nesta matéria fosse reforçada. Que fosse dada informação transparente, clara e objetiva sobre esta matéria.