Demasiados deputados do PSD? Rio diz que tem de se "perguntar motivo a cada um"
Rui Rio reforçou, à saída do hemiciclo, aquilo que já tinha dito durante o debate desta terça-feira no Parlamento: como o PSD tinha deputados a mais na sala - estavam 36 e as medidas de prevenção à Covid-19 determinam que não estivessem mais de 16 -, decidiu deixar o local para "dar o exemplo" à própria bancada. Sobre os motivos para terem aparecido demasiados parlamentares 'laranjas', atirou: "tem de perguntar a cada um".
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"Cumpro aquilo que foi a vontade da maioria, e havia deputados do meu grupo parlamentar que não estavam a cumprir. Eu não os posso pôr lá fora, só posso dar o exemplo, e foi isso que fiz", disse o líder social-democrata. Embora tenha reforçado que não concorda com os moldes em que o Parlamento está a funcionar - preferia que, durante o surto, a atividade se reduzisse à conferência de líderes" -, Rio afirmou que, "devemos cumprir aquilo que a conferência de líderes decidiu".
O presidente do PSD continuou: "Fica perante a consciência de cada um se cumpre ou não cumpre. Ao PSD cabem 16 [deputados], que é um quinto [do total de parlamentares do partido]. Não estavam 16, estavam bastantes mais [36, segundo o presidente da Assembleia, Ferro Rodrigues], e alguns estiveram permanentemente lá. Tenho de dar o exemplo aos meus próprios deputados, mesmo discordando daquilo que a conferência de líderes decidiu. Portanto, se não saem eles, saio eu", resumiu.
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Rio também garantiu que os deputados foram previamente avisados sobre quem teria de estar presente no debate com o primeiro-ministro e quem deveria ficar em casa. Os parlamentares convocados, revelou, foram os membros das direções do partido e do grupo parlamentar, bem como os membros da Mesa da Assembleia da República.
"É este o critério, podia ser outro", atirou. Sobre o motivo de terem aparecido mais vinte deputados sociais-democratas do que aquilo que tinha sido decidido, disse que os jornalistas têm "de perguntar a cada um" deles - bem como, acrescentou, "também ao PS e, eventualmente, a outros que estavam a fazer exatamente a mesma coisa".
"Quem não me conhecia passa a conhecer-me melhor"
O episódio aconteceu durante o debate, quando a decisão de não suspender os plenários foi criticada por Ricardo Baptista Leite, do PSD. Em resposta, Ferro Rodrigues, lembrou que a decisão tinha sido tomada em conferência de líderes e acrescentou que o número de deputados da bancada 'laranja' superava o que havia ficado determinado - um quinto do total de eleitos. Em resposta, Rio disse que concordava tanto com o seu deputado como com Ferro e que, nesse sentido, deixava a sala "para dar o exemplo" à sua bancada.
Já cá fora, o presidente do PSD desvalorizou a desobediência dos seus deputados, dizendo que o mais grave "é haver ou não a consciência, da parte de um deputado ou deputada, de cumprir ou não cumprir aquilo que nós próprios estamos a pedir que o povo português cumpra. Isto é que não podemos aceitar. Já não há assim tanto para me conhecerem, porque eu já não sou assim tão novo; mas aqueles que ainda não me conhecem passam a conhecer-me melhor. Quando alguma coisa tem de ser, tem de ser para todos nós, a começar por mim mesmo", concluiu.
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