A médica interna Diana Carvalho Pereira, que denunciou os casos de más práticas e negligência no serviço de cirurgia do Hospital de Faro, apresentou a demissão do Hospital de Portimão, unidade também do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) onde estava agora colocada.
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Foi a própria quem comunicou a decisão através de uma publicação no Instagram, onde disse que já tinha pensado demitir-se quando denunciou as situações, o que veio agora a efetivar-se, após ter optado por continuar o internato em Portimão.
“A exposição da queixa e todas as represálias que se lhe seguiram têm mexido com a minha saúde mental. Podia continuar a fingir-me de forte até colapsar mas por saber priorizá-la prefiro resguardar-me já”, escreveu a médica interna na sua conta de Instagram, em que conclui que necessita de descanso: “Preciso de descansar, estar com os meus, estudar e orientar a minha carreira e o futuro”.
Diana Carvalho Pereira explicou que o serviço em Portimão “é totalmente diferente, organizado e com bons profissionais”. “Não tenho mesmo nada de mal a apontar”, realça, antes de confessar, contudo, que se sentia a mais, pois a unidade de saúde já tinha os internos necessários e nem tinha um orientador definido. Por isso, sentia que não tinha controlo sobre o seu futuro, nem apoio da administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
Ouvida no âmbito do inquérito interno sobre as alegadas más práticas e negligência, Diana Carvalho Pereira já prestou declarações ao Ministério Público, que investiga o caso.
Há duas semanas, a Ordem dos Médicos suspendeu por seis meses os dois cirurgiões do Hospital de Faro que tinham sido acusados pela jovem médica de más práticas clínicas. Trata-se de um cirurgião e do diretor do Serviço de Cirurgia.
A história remonta a abril, quando a médica interna garantiu ter conhecimento de "11 casos" ocorridos este ano. "Dos onze doentes: três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen", revelou na altura. Fez ainda participações à Ordem dos Médicos, à Entidade Reguladora da Saúde e à Administração Central do Sistema de Saúde.