Demora, cancelamentos e reclamações: médicos em greve acusam Governo de intransigência
O primeiro de dois dias de greve nacional dos médicos está a causar alguns constrangimentos no atendimento no Hospital de São João, no Porto. Porém, nem todos os utentes se aperceberam da paralisação. A Federação Nacional dos Médicos promete endurecer a luta, caso não haja abertura por parte do Governo.
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Num dia de calor abrasador, no primeiro de dois dias de greve nacional dos médicos, convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), nem todos perceberam que havia paralisação nos hospitais e centros de saúde. "Por isso, estava muita gente a reclamar que estava muito demorado", conta uma utente, que teve consulta de otorrinolaringologia e não registou constrangimentos no seu atendimento. Entre os que saem e entram no Hospital de São João, no Porto, há quem tenha ido à unidade apenas para pedir um documento, outros aguardam à sombra pelo exame marcado, alguns confirmam que tiveram consulta e também há os que se queixam porque aguardaram "duas horas" para que lhes dizerem que o "médico está em greve". Na entrada principal, dezenas de clínicos reivindicam por mais investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pedem à ministra Ana Paula Martins que termine com a "intransigência".
"Estou grávida, estava sem comer e só me avisaram agora", desabafa Rafaela Sousa, de 29 anos. A consulta estava marcada às 8.30 horas, mas só por volta das 10 horas foi informada que a consulta de endocrinologia e de obstetrícia estava cancelada, por causa da greve dos médicos. Na mesma situação, estão Ana Fidalgo e a filha de 17 anos, que vieram da Maia. Fizeram o registo da consulta às 8.15 horas para uma consulta de pedopsiquiatria, que deveria começar 15 minutos depois. Às 10 horas, depois de muito tempo à espera, a mãe perguntou ao atendimento o que se passava e disseram-lhe que o médico aderiu à paralisação. Ao JN, diz que não fazia ideia que estava marcada uma greve. A consulta tinha sido marcada há três meses.