Este sábado é o Dia Mundial do Professor, o primeiro desde há muito sem a recuperação do tempo de serviço no topo das reivindicações. No pós “acordo histórico”, a falta de docentes impõe-se como a principal luta. Sindicatos e diretores pedem uma carreira mais curta, melhores salários e apoio à deslocação para todos.
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Para o líder da Fenprof o dia é sempre de luta. No sábado, os docentes vão desfilar em Lisboa para celebrar a data e pedir o reforço da dotação orçamental. As negociações de revisão do estatuto arrancam dia 21 e uma das prioridades da Fenprof é encurtar a carreira passando os escalões de quatro para três anos, avança Mário Nogueira. Sem quotas a obstruir o percurso, o topo voltaria a ser atingido após 26 anos e não em 34.
O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre já prometeu a subida dos salários, nos primeiros escalões. A Fenprof vai pedir uma melhoria generalizada mais acentuada nos três primeiros escalões. Apoios à deslocação para todos os colocados longe de casa e, tal como a FNE, a equiparação do topo da carreira docente à de técnico superior da Administração Pública, outro direito perdido.
15 mil desempregados
Com os diretores a reportarem maiores dificuldades na substituição de baixas, o líder da FNE alerta que nas listas de não colocados ainda há mais de 15 mil professores desempregados. Há grupos de recrutamento quase esgotados, outros com mais de três mil sem vaga. “Porquê? Ou as ofertas não são atractivas ou são em zonas para onde não concorrem. É preciso gerir melhor”, alerta Pedro Barreiros.
“Não há muitos motivos para celebrar”, frisa o presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP), defendendo que o “acordo histórico” que permite a recuperação do tempo garantiu um arranque de ano “mais tranquilo mas é insuficiente”.
“A falta de professores está a alastrar a outras regiões do país e ameaça tornar-se uma pandemia”, alerta.“Mais importante do que o retorno de alguns aposentados seria assegurar que muitos dos 14 mil profissionalizados que deixaram de concorrer voltassem”, defende Filinto Lima.
“Obviamente o acordo foi uma benesse mas de resto os problemas são os mesmos. E a diferença é que estamos todos mais velhos e mais cansados”, lamenta Manuel Pereira. Além da melhoria dos salários e de uma mudança no modelo de avaliação, o presidente da associação nacional de dirigentes (ANDE) defende mais horas de redução letiva a partir dos 60 anos.
Já o presidente do Conselho das Escolas, António Castel-Branco, sublinha que o futuro depende de as instituições de Ensino Superior “serem forçadas” a abrir mais vagas nas licenciaturas e sobretudo nos mestrados em ensino.